segunda-feira, 20 de dezembro de 2010

O DISCURSO DO GOVERNADOR ELEITO

Camilo Capiberibe

Cada eleição confere um mandato distinto aos seus eleitos. A eleição de 2010 investiu a todos nós com o dever e a missão de realizar a mudança. E essa mudança não pode ser apenas uma mudança de partidos no poder, ou de pessoas, precisa ser uma mudança cultural, da maneira como o Estado se relaciona com a sociedade. É a mudança na maneira como o dinheiro público é investido, mudança na maneira como os gestores públicos se relacionam com as demandas da sociedade.

E o povo tem urgência pois a dívida social e econômica é muito grande.

O povo amapaense, homens, mulheres, jovens, idosos, parteiras, indígenas, ribeirinhos, empresários, crianças, foi às urnas e construiu mudança e esse é o significado do governo que assume o poder em 2011.

Mas concretamente o que significa essa mudança?

Mudar em 2011 significa atender com normalidade os serviços sociais. Significa que a merenda escolar deve ser algo previsível a ser encontrada cotidianamente nas escolas da rede pública estadual. Mudar neste momento que o Amapá vive significa encontrar atendimento médico e hospitalar adequados e os remédios necessários. Significa ter o direito de receber os benefícios dos programas sociais sem ter que se humilhar. Significa trabalhar e receber pelo serviço ao final do mês.

Significa administrar com transparência total, resgatando uma relação deteriorada pelos acontecimentos que marcaram nosso estado negativamente nos últimos anos. Significa implantar mecanismos de controle eficientes como o portal da Transparência e a Controladoria Geral do Estado para que a sociedade possa exercer o controle público e que o mal da corrupção seja combatido pelo próprio governo e não apenas pela polícia federal ou demais instituições.

Temos a enorme tarefa de resgatar a credibilidade das nossas instituições públicas vilipendiadas nacionalmente pelas revelações de sucessivas ações policiais. Temos o dever de resgatar a auto-estima da população que é atacada também pelo não funcionamento dos serviços públicos.

Mudar significa que o administrador público, do governador ao diretor de escola, do secretario ao atendente do Super-Fácil devem satisfação ao contribuinte que paga nossos salários e financia todos os poderes aqui presentes com os recursos oriundos da pesada carga tributaria que todos pagamos. Essa consciência deve impregnar a todos com a obrigação da eficiência e da eficácia.

Significa também que a sociedade deve ser chamada à responsabilidade de tomar conosco as decisões fundamentais para o desenvolvimento econômico. Desde a construção participativa do Plano Plurianual que realizaremos no decorrer deste ano até a definição das prioridades expressas na partilha do dinheiro público sacramentada na votação da lei Orçamentária Anual. Esse é o sentido da participação, da construção coletiva.

Esse processo exige de nós a compreensão e a inclusão de todas as forças políticas e sociais num amplo processo de debate e pactuação. Se um governo é formado por forças políticas e sociais não pode haver dúvida de que os objetivos que ele persegue devem atender à todos sem distinção de nenhuma ordem. Os interesses partidários são legítimos mas não são maiores que os da sociedade.

Portanto, a tarefa de mudar o Estado é do conjunto da sociedade e do governo por inteiro independente das forças políticas, dos quadros técnicos ou dos gestores que o compõem e isso será intensamente cobrado de nós pela sociedade.

Somos o estado mais preservado da Amazônia e precisamos decidir com clareza de que maneira nossos recursos naturais serão usados. Temos convicção que qualquer exploração deve ser feita com o menor impacto ambiental possível e com a maior produção de riqueza e distribuição para os homens e mulheres do Amapá. Não podemos aceitar a exploração pura e simples das nossas riquezas naturais, o Estado deve apoiar os empreendimentos econômicos mas deve se colocar ao lado da sociedade e regular equilibrando a balança à favor dos interesses de todos.

“Meu pai e minha mãe, João e Janete Capiberibe, foram eleitos pela vontade do povo. Essa vontade foi chancelada pelo Egrégio Tribunal Regional Eleitoral e se dependesse do TRE eles estariam sendo diplomados no dia de hoje. Dedico a toda uma história de luta, a história de vida baseada na luta esse momento. Não poderia esquecer, e me permitam o direito de me emocionar. Pela segunda vez consecutiva um direito conquistado na urna está sendo negado. Mas quero deixar claro para todos que eu confio na justiça do nosso país e a mesma esperança que me faz saber que vamos vencer os grandes desafios, me faz saber que nós teremos sim Capi e Janete no Congresso Nacional”.

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