quarta-feira, 30 de dezembro de 2009

VOTOS TROPICALISTAS DE BOAS FESTAS

A produtora Refazenda, dos artistas Gilberto Gil e Adriana Calcanhoto, nos enviou o cartão eletrônico acima, o qual agradecemos e retribuímos votos de que a vida fique mais verde e cultural em 2010. Ave!

MAIS IMAGENS DO SHOW DA TROPICÁLIA

Uma visão geral do Sesc Centro, internamente, no show da Tropicália

A palteia atenta à "Construção", de Chico Buarque, na voz de Aroldo e Roni

terça-feira, 29 de dezembro de 2009

FELIZ 2010!

Com essas festas de fim de ano, ando meio desligado daqui. Mas devo voltar em breve pra falar sobretudo de CARNAVAL, que será, sem dúvida, o assunto dos próximos dois meses (janeiro e fevereiro). De qualquer forma, antes desse retorno, um FELIZ 2010 PRA TODOS VOCÊS, que aprovam a nossa navegação pela vanguarda. Muito obrigado por 2009 e pelos mais de 5 mil acessos!

terça-feira, 22 de dezembro de 2009

TROPICÁLIA EM TARTARUGALZINHO


BANANAS PARA O ARTISTA
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Um dos integrantes do grupo Rapazola, que fazia apresentação no último fim de semana em Tartarugalzinho (AP), durante o “Festival da Banana”, teve que interromper o show por alguns minutos porque a multidão começou a lhe atirar bananas. A PM teve que intervir. Graças a essa intervenção, o fato ficou mesmo nas bananas, que enlamearam o palco das apresentações.
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Lembra o episódio de “É proibido proibir”, com Caetano Veloso, em 1968, no Festival Internacional da Canção-FIC. É a Tropicália em Tartarugalzinho!
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TROPICÁLIA
Caetano Veloso

Quando Pero Vaz Caminha
Descobriu que as terras brasileiras eram férteis e desejantes
Escreveu uma carta ao rei
Tudo o que nela se planta tudo cresce e floresce
E o Edilson Dutra da época gravou


Sobre a cabeça os aviões
Sob os meus pés os caminhões
A ponta contra os chapadões
Meu nariz
Eu organizo o movimento
Eu oriento o carnaval
Eu inauguro o monumento no Planalto Central do país

Viva a bossa-sa-sa
Viva a palhoça-ça-ça-ça-ça

O monumento é de papel crepom e prata
Os olhos verdes da mulata
A cabeleira esconde atrás da verde e mata
O luar do sertão
O monumento não tem porta
A entrada é uma rua antiga estreita e torta
E no joelho uma criança sorridente, feia e morta
Estende a mão

Viva a mata-ta-ta
Viva a mulata-ta-ta-ta-ta

No pátio interno há uma piscina
Com água azul de Amaralina
Coqueiro, brisa e fala nordestina e faróis
Na mão direita tem uma roseira
Autenticando eterna primavera
E nos jardins os urubus passeiam à tarde inteira
Entre os girassóis

Viva a Maria-ia-ia
Viva a Bahia-ia-ia-ia-ia

No pulso esquerdo o bang-bang
Em suas veias corre muito pouco sangue
Mas seu coração balança ao samba de um tamborim
Emite acordes dissonantes
Pelos cinco mil alto-falantes
Senhoras e senhores ele põe uns olhos grandes
Sobre mim

Viva Iracema-ma-ma
Viva Ipanema-ma-ma-ma-ma

Domingo é o Fino da Bossa
Segunda-feira está na fossa
Terça-feira vai à roça, porém
O monumento é bem moderno
Não disse nada do modelo do meu terno
Que tudo mais vá pro inferno, meu bem

Viva a Banda-da-da
Carmem Miranda-da-da-da-da-da

AS CIATAS

Volto a escrever sobre o assunto abaixo nos próximos dias. E com a minha opinião, porque sou um caboclo amazônida - e de Macapaba (te manca!) - de opinião tropicalista. Toma-te!

segunda-feira, 21 de dezembro de 2009

ARTIGO CIENTÍFICO

A BAHIA E O RIO: ITINERÁRIO DO SAMBA POR CAETANO VELOSO
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Roncalli Dantas Pinheiro/UFPB
Orientador: Amador Ribeiro Neto/UFPB
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O presente trabalho tem como objetivo fazer uma leitura da letra da canção Onde o rio é mais baiano, inserida no disco Livro (1997), de Caetano Veloso, partindo da teoria da composição de canções, em que Luiz Tatit (2003) estabelece elementos sensitivos de iconização na dicção de Caetano. Buscaremos identificar os mecanismos que fazem desta letra uma produção icônica que se estabelece a partir do cruzamento das linguagens musical e literária, sugerindo a conexão mítica que o samba estabelece entre a Bahia e o Rio de Janeiro na estrutura dessa canção.
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Em Onde o Rio é mais baiano, Caetano provoca deslocamentos espaciais entre a Bahia e o Rio através de um espelho em que a imagem da Bahia é sobreposta à do Rio de Janeiro, sob aspectos culturais, permitindo a transitoriedade tanto textual quanto dos elementos rítmicos e musicais devido à simetria icônica, invertida e reflexa entre as duas cidades.
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A primeira estrofe inicia-se em terceira pessoa, imprimindo à canção um caráter de veracidade no argumento de unidade, que é ratificado por considerações mitológicas, citando o caso da migração das Ciatas da Bahia para o Rio em contraponto com a viagem de Jamelão do Rio de Janeiro ao Rio Vermelho, em Salvador. As aproximações são também construídas no interior da estrofe, em que a estação primeira do Brasil se confunde com a Estação Primeira de Mangueira, construindo o amálgama Bahia/Mangueira/Rio.
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Na segunda estrofe o Eu-lírico transpõe efetivamente o espelho e se desloca, em primeira pessoa, entre as duas cidades. A transposição é efetuada imageticamente pelos cruzamentos dos elementos Rio Vermelho, em Salvador, simétrico à Mangueira, no Rio de Janeiro. Jamelão faz a simetria com o Eu-lírico da canção de Caetano, sugerindo a imagem da Mangueira na avenida e oferecendo seu equivalente na Bahia, que ocorre no dia 2 de fevereiro na festa de Iemanjá.
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A simetria invertida também é estabelecida quanto aos elementos melódicos. Toda a primeira parte está em tonalidade menor, cadenciado pelo samba com predominância dos prolongamentos das vogais, principalmente da vogal “i” evidenciando a passionalização contida no reconhecimento da própria identidade cultural, a partir do outro. Logo em seguida, coincidindo com a segunda estrofe, a melodia passa à tonalidade maior e o ritmo, que era cadenciado pelo samba, passa a ser o samba reggae com predomínio dos ataques consonantais, de andamento mais dinâmico, enfatizando a atitude ativa do Eu-lírico, que transpõe, migra e retorna em um vai-e-vem através dos elementos já citados.
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ONDE O RIO É MAIS BAIANO
Caetano Veloso
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A Bahia
Estação primeira do Brasil
Ao ver a Mangueira nela inteira se viu
Exibiu-se sua face verdadeira
Que alegria
Não ter sido em vão que ela expediu
As Ciatas pra trazerem o samba pra o Rio
(Pois o mito surgiu dessa maneira)
E agora estamos aqui
Do outro lado do espelho
Com o coração na mão
Pensando em Jamelão no Rio Vermelho
Todo ano, todo ano
Na festa de Iemanjá
Presente no dois de fevereiro
Nós aqui e ele lá
Isso é a confirmação de que a Mangueira
É onde o Rio é mais baiano

TROPICÁLIA NA LINHA DO EQUADOR

Aroldo Pedrosa e a banda Vanguarda Amazônica fazem a Tropicália

Rebeca Braga e Aroldo Pedrosa cantam "Nosso Estranho Amor" (Caetano Veloso)

Rosa Rente na intervenção poética de "Juvenar" (André Abujamra)

Layza Michelle cantando "Baby" (Caetano Veloso)

Roni Moraes e Aroldo Pedrosa cantando "Construção" (Chico Buarque)

segunda-feira, 14 de dezembro de 2009

A PULSAÇÃO DA TROPICÁLIA


Depois das marchinhas de carnaval que finalizaram o show, a pose da intrépida trupe para o clic.

TROPICÁLIA NA LINHA DO EQUADOR


Quero agradecer a todos que lotaram o SESC Centro - terça-feira (8) - para ver o nosso show Tropicália na Linha do Equador. Nova banda, gente bonita e com o maior talento. Estão pedindo bis. Vamos fazer de novo em breve. As fotos do show posto aqui nos próximos dias. Muito obrigado!

domingo, 6 de dezembro de 2009

É PROIBIDO PROIBIR A TROPICÁLIA


Lulih Rojanski
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O projeto NAVEGANDO NA VANGUARDA apresenta o show-manifesto Tropicália na Linha do Equador, com o compositor/cantor amapaense Aroldo Pedrosa, vencedor de festivais de música popular pelo país, entre eles o 3º Fest Sinhá – Festival Internacional da Canção de Goiás/2000, o 10º Festival MPB de Tatuí/2001 (SP), o 37º Festival da Canção de Boa Esperança/2005 (MG) e o II Festival Universitário da Canção-Feucan/2005 (Macapá-AP).
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Aroldo Pedrosa contará com o acompanhamento da banda Vanguarda Amazônica, formada pelos músicos amapaenses Alan Bacelar (direção musical, violão e guitarra solo), Irlan Guido (guitarra base), João Paulo (teclado), Helder Melo (baixo), Tato (bateria), Paulo Vilhena (percussão), Aritiene Dias (sax), Jorge Luís (trompete) e Antônio Carlos (trombone). Fechando o elenco, as becking-vocal Lorena e Camila, e a atriz Rosa Rente, que fará intervenções poéticas tropicalistas.
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O repertório das canções do show foi escolhido através de um trabalho minucioso de pesquisa, fazendo um panorama da MPB, que vai da popularíssima e inesquecível Vou tirar você desse lugar (Odair José) à antológica e revolucionária É proibido proibir (Caetano Veloso), além das canções do compositor Aroldo Pedrosa que se destacaram pelos festivais do Brasil, como Levemente Louca e Todas as Mulheres do Mundo nº 2” – ambas em parceria com o compositor Cléverson Baía.
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Tropicália na Linha do Equador é um show coletivo de artistas convidados – Lula Jerônimo, Jô Masan, Cléverson Baía, Dilean Monper, Roni Moraes, Dylan Rocha, Américo Brasil, Alê d’Ile, Rebeca Braga, Layza Michelle e Brenda Nandes.
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O clássico Sintonia (Moraes Moreira), Aroldo Pedrosa e Américo Brasil cantam em homenagem saudosista à chamada música brega de qualidade que o movimento, sem nenhum preconceito, absorvia. A extraordinária Construção, de Chico Buarque de Holanda, e com os mesmos arranjos do tropicalista Rogério Duprat, o anfitrião interpreta em parceria com Roni Moraes, para, em seguida, rememorarem Você não entende nada/Cotidiano, do antológico encontro de Chico e Caetano, no show gravado ao vivo, realizado em 1972, no Teatro Castro Alves (Salvador/BA).
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Alan Bacelar é um jovem compositor do movimento musical alternativo de Macapá (as chamadas bandas de garagem), mas que envereda pela MPB, tendo inclusive classificado música em festival do Rio de Janeiro. No show-manifesto, acompanhado pelo piano de Dilean Monper, Alan canta Imagine (John Lennon), em homenagem ao genial artista inglês assassinado em 8 de dezembro de 1980, ou seja, há exatos 19 anos. Depois, com a banda, faz Perfeição (Renato Russo) – canção contemporânea de protesto ao “Brasil da pilantragem do século 21”. Lula Jerônimo e Alê d’Ile homenageiam Tom Jobim, falecido também na mesma data e cidade (Nova York), mas há 10 anos.
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Rebeca Braga despontou no Festival Jovem da Canção (Fejoca) e hoje é cantora reconhecida em nosso cenário musical – canta Lindonéia (Caetano Veloso/ Gilberto Gil), gravada recentemente por Fernanda Takai. Dylan Rocha tem o jamaicano Bob Marley como mestre e faz o reggae do umbigo do mundo. Cléverson Baía, parceiro do protagonista Aroldo Pedrosa, é convidado para mostrar Levemente Louca.
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Layza Michelle e Brenda Nandes, que debutaram em shows recentes pelo projeto Botequim (Sesc Amapá), vão incorporar a cantora tropicalista baiana Gal Costa, com as clássicas Vapor Barato e Baby.
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Importante momento do show-manifesto é a reverência que o artista – discípulo confesso do movimento tropicalista – faz aos 41 anos da Tropicália, rememorando dois episódios históricos e controvertidos da cultura brasileira: o Phono 73 – quando o compositor/cantor baiano Caetano Veloso, ao retornar do exílio londrino, se apresentou com o cantor brega Odair José, cantando Vou tirar você desse lugar. O segundo episódio é o polêmico Festival Internacional da Canção-FIC, de 1968, realizado no Teatro TUCA (SP) e promovido pela Rede Globo, onde o criador da Tropicália, acompanhado da banda Os Mutantes, defendeu a sua É proibido proibir, explodindo em um discurso que perpetuou a máxima “Vocês não estão entendendo nada”. A reverência culmina com o retorno de “1968 – o ano que não terminou”, do escritor e jornalista Zuenir Ventura – livro famoso que fala dos acontecimentos da época, reeditado agora e provocando novas e acaloradas discussões. Em Vou tirar você desse lugar, o músico Alan Bacelar faz o violão tocado por Odair José, e na emblemática É proibido proibir, a banda Vanguarda Amazônica recebe o reforço da Mini Box Lunar para reviver a banda tropicalista Os Mutantes. É proibido proibir é homenagem ainda aos músicos que fizeram Os Joviais – grupo musical amapaense, dos anos 1960, provocador da retirada do governador Ivanhoé Gonçalves Martins – o mais linha-dura de todos os governadores militares que vieram para o Amapá no período da ditadura –, ao tocar em evento a canção de protesto de Caetano Veloso. O vocalista-fundador da banda, Jô Masan, hoje com mais de 50 anos, é convidado para relembrar o inusitado episódio ocorrido no auditório do Cine Territorial (atual Escola Barão do Rio Branco) e cantar Vou Ver Chicago, feita numa noite longínqua e clandestina dos anos rebeldes.
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No repertório tem ainda Como 2 e 2, composição de Caetano Veloso composta no exílio londrino para o rei Roberto Carlos e Soy loco por ti, América (Gilberto Gil/ Capinan), composição feita em homenagem ao líder guerrilheiro Che Guevara, morto em 1968. Esta canção (uma idéia de Caetano) é marco do Tropicalismo. E para temperar e mexer ainda mais o caldeirão, Linha do Equador – canção de Caetano em parceria com o compositor alagoano Djavan, e bem representativa da idéia da Tropicália no meio do mundo. E o show se encerra apoteoticamente com canções carnavalescas: Eu quero botar meu bloco na rua (Sérgio Sampaio) – que o Brasil inteiro cantou nos anos 1970, outra importante canção de resistência ao truculento regime militar instaurado no Brasil a partir de 1964 –, A filha da Chiquita Bacana e Chuva, Suor e Cerveja – marchinhas maravilhosas e pulsantes do disco “Muitos Carnavais” do doce bárbaro baiano.
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Tropicália na Linha do Equador contará ainda com cenário, decoração e banquete de frutas. Não perca!
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Serviço
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Show: Tropicália na Linha do Equador
Local: SESC Centro – Avenida Padre Júlio com Rua General Rondon
Data: 8 de dezembro de 2009 – terça-feira
Início: 21h
Traje: Tropicalista
Entrada: Franca -
leve uma fruta tropical para o Banquete da Tropicália.