segunda-feira, 8 de novembro de 2010

A ARTE DE GOVERNAR A ALEGRIA

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Vou visitar ainda hoje o Teatro das Bacabeiras. É que eu tenho um carinho muito especial por essa casa de espetáculos que, em 1989, quando ela estava com as obras paradas - era o Governo Jorge Nova da Costa - escrevi um grande artigo, em defesa da nossa classe artística, o qual foi publicado no jornal Amapá Estado e que tinha esse título inspirador: A ARTE DE GOVERNAR A ALEGRIA.
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Foi um artigo crítico que, de certa forma, por ter tido repercussão nos meios, estimulou à tomada de decisão do governador em anunciar a retomada da construção do Teatro parado há anos (a construção foi iniciada no período da ditadura pelo Governo Barcellos) e, por mais que eu não tenha mais uma cópia do artigo, lembro-me como se fosse hoje da grande frase de efeito que usei para externar a minha inquietação e indignação com a obra parada - a frase exclamativa, com a qual finalizava o artigo, era essa: SE O SENHOR GOVERNA-DOR, NÓS GOVERNAMOS A ALEGRIA! - exatamente como ela está aí escrita, com a palavra "governador" separada por hífen, num trocadilho que deu muito o que falar na época e que assombrou os meus amigos pela ousadia crítica naqueles tempos de transição do período da ditadura às liberdades de opinião e de expressão que o movimento das Diretas Já conquistou meio que pela metade. Embora na Nova República (com a morte do presidente - eleito indiretamente - Tancredo Neves, o vice José Sarney assumiu o cargo e nomeou o governador Nova da Costa para o Amapá), pairavam ainda alguns resquícios de ditadura no ar do meio do mundo pela condição de Território Federal que era o Amapá naquele ano derradeiro de - digamos - Velha República. O certo, porém, é que a "frase assombrosa" acabou sendo democraticamente muito bem absorvida por Nova da Costa que, em entrevista a toda à imprensa - dias depois da publicação do meu artigo -, anunciou a retomada de construção do Teatro e de algumas outras obras como o Estádio Zerão. Daí todo esse meu carinho pelo Teatro das Bacabeiras, ou seja, será que se eu não tivesse provocado o governador com aquele trocadilho crítico, ele teria decidido retomar a construção da obra e entregue à população poucos meses depois no encerramento de seu mandato tampão? Penso que cumpri muito bem com o meu papel naquele momento de transição, exercendo essas minhas duas funções profissionais e que carrego comigo até hoje: as funções independentes de jornalista e produtor cultural.
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A minha visita ao Teatro das Bacabeiras é com o intuito de saber em que condições aquela casa de diversões públicas hoje se encontra. Sei que o sistema de refrigeração está comprometido há anos - a última reforma completa, incluindo aí o sistema de refrigeração, foi ainda no Governo Capiberibe -, como sei também que a casa, nesses quase oito anos de incompetência e desmandos administrativos, pouco serviu para a utilização a que ela realmente foi construída, isto é, à Cultura e às Artes.
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Como produtor cultural que sou, quero dizer ao argonauta que, ultimamente, ando debruçado na construção de um grande projeto para o nosso Teatro das Bacabeiras. Um projeto lato de integração e intercâmbio cultural, onde, entre outras coisas, está incluído a volta do Projeto Pixinguinha para Macapá, assim como a criação de um projeto similar - que pode ter também o apoio da Funarte/Ministério da Cultura (MinC) - envolvendo os artistas do Amapá. E esse grande projeto cultural é inspirado nas palhas da palmeira que dá nome ao Teatro, sabe por quê? Ora, porque... O homem não teceu a trama da vida/ Ele é apenas um fio/ E tudo está entrelaçado...
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Depois da visita ao Teatro das Bacabeiras, prometo voltar ao artesanato deste assunto.
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