Aroldo Pedrosa
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Que a doce senadora da floresta Marina Silva deixou o Partido dos Trabalhadores (PT) e se filiou ao Partido Verde (PV), isso não é mais nenhuma novidade; que Marina Silva é candidatíssima à Presidência da República nas eleições de 2010, também não há nada de novo nesta fabulosa e incontestável notícia; que Marina Silva já esteve no Amapá e o tropicalista aqui a conheceu pessoalmente, isso ninguém vai me desmentir porque tinha jornalista por perto como testemunha. Enfim, logo depois das eleições majoritárias de 2002, que elegeram Lula presidente do Brasil e Marina Silva senadora pelo Acre, é que tive a felicidade de conversar com ela na varanda do Macapá Hotel, numa manhã ensolarada inesquecível ao sabor da brisa do Amazonas. Lembro que não consegui segurar a emoção ao chegar bem pertinho dela e, sem contar história, me declarei ser seu fã, ganhando da doce senadora da floresta um sorriso luminoso – foi o máximo! – seguido de abraço carinhoso. Foi logo em seguida ao resultado do 1º turno das eleições de 2002, quando Marina veio participar de reuniões de campanha de apoio à candidata do PT Dalva Figueiredo que concorria ao governo do estado e havia passado para o segundo turno. Eu era assessor de comunicação, sobrevivente aos trancos e barrancos do governo tampão do PT, porque vinha da assessoria do governo Capiberibe. Explico melhor: é que o PT tinha nomeado o peçonhento Gilberto Ubaiara para a Central de Notícias da Secretaria de Estado da Comunicação (Secom), e ele, sabendo da minha boa relação com o ex-governador, passou a me perseguir implacavelmente durante todo o mandato, com o intuito de me tirar dali a qualquer custo – era meta dele a minha imediata exoneração, coisa que, apesar de todo o maquiavelismo, não conseguiu, graças ao religioso e politicamente correto secretário de comunicação Oscar Filho. E o fato de ter tido esse privilégio de conhecer e conversar com Marina Silva, sem dúvida, foi pela minha identidade com a vanguarda sustentável, ou seja, com a nova ordem mundial adotada por Capiberibe e que concluíra naquele ano a implantação do novo paradigma em seu programa de governo. A “Solange – Ubaiara – Hernandes” (lembra da tesoura afiada da peste?) do governo Dalva, só me passou a pauta porque já tramara a não publicação da entrevista que eu viria a fazer com Marina, e que na ocasião, praticamente, só falou de sustentabilidade – e a palavra “sustentabilidade” era rigorosamente proibida na sala de redação da Central de Notícias, “isso remete ao governo Capiberibe”, argumentava o filhote da ditadura travestido de jornalista, Gilberto Ubaiara, que, com a derrota de Dalva, tratou logo de agarrar-se, feito sanguessuga, ao cargo que ocupava (e não saiu mais), alardeando pelos corredores do Setentrião ser Waldez Góes desde criancinha. Um discípulo traíra da estrela amapaense petista isso que ele é! Traíra e camaleão.
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Recordo-me ainda que uma das perguntas feitas à senadora Marina, repeti ao tropicalista e doce bárbaro baiano Gilberto Gil, quando este aqui esteve em sua última viagem como ministro da Cultura. Está na edição 12 de Vanguarda, cuja primeira pergunta questiona o nosso isolamento amazônico secular.
Recordo-me ainda que uma das perguntas feitas à senadora Marina, repeti ao tropicalista e doce bárbaro baiano Gilberto Gil, quando este aqui esteve em sua última viagem como ministro da Cultura. Está na edição 12 de Vanguarda, cuja primeira pergunta questiona o nosso isolamento amazônico secular.
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Trocando em miúdos, a imaculada Marina Silva, em meio a esse turbilhão de denúncias de atos secretos e quebra de decoro – sobretudo no Senado Federal –, surge impávida alimentando a nossa esperança (e esta será sempre a última que morre) de que, verdadeiramente, nem tudo está perdido. De forma merecida ela está aí nas principais revistas e jornais do país dizendo coisas, e esperamos que o leitor compreenda a linguagem simples e humana dessa mulher guerreira amazônica e tão cheia de ternura. “Ela tem a mesma cara trágica de Frida Khalo, o mesmo ar de mistério, mas seu olhar é doce e as pessoas se sentem acarinhadas por ele em sua presença”, escreveu Ziraldo, autor de Flicts – o livro mais lindo do mundo.
Trocando em miúdos, a imaculada Marina Silva, em meio a esse turbilhão de denúncias de atos secretos e quebra de decoro – sobretudo no Senado Federal –, surge impávida alimentando a nossa esperança (e esta será sempre a última que morre) de que, verdadeiramente, nem tudo está perdido. De forma merecida ela está aí nas principais revistas e jornais do país dizendo coisas, e esperamos que o leitor compreenda a linguagem simples e humana dessa mulher guerreira amazônica e tão cheia de ternura. “Ela tem a mesma cara trágica de Frida Khalo, o mesmo ar de mistério, mas seu olhar é doce e as pessoas se sentem acarinhadas por ele em sua presença”, escreveu Ziraldo, autor de Flicts – o livro mais lindo do mundo.
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Nas páginas amarelas da edição 2128 de Veja (2 de setembro de 2009), Marina Silva é bombardeada inteligentemente pela jornalista Sandra Brasil. E a doce Marina morena, com sabedoria e serenidade, responde a tudo...
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Veja: Os Estados Unidos elegeram o primeiro presidente negro de sua história, Barack Obama. Ele é fonte de inspiração?
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Marina Silva: Eu também sou negra, mas seria muito pretensioso da minha parte me colocar como similar ao Obama. Ele é uma inspiração para todas as pessoas que ousam sonhar. A questão racial teve um peso importante na eleição americana. Mas os Estados Unidos têm uma realidade diferente da do Brasil. Eu nunca fui vítima de preconceito racial aqui.
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Veja: A senhora poderia se apresentar como uma candidata negra na campanha presidencial?
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Marina Silva: Não. É legítimo que as pessoas decidam votar em alguém por se identificar com alguma de suas características, como o fato de ser mulher, negra e de origem humilde. Mas seria oportunismo explorar isso numa campanha. O Brasil tem uma vasta diversidade étnica e deve conviver com as suas diferentes realidades. Caetano Veloso (compositor/cantor baiano) já disse que “Narciso acha feio o que não é espelho”. Nós temos de aprender a nos relacionar com as diferenças, e não estimular a divisão. A história engraçada é que, durante as prévias do Partido Democrata americano, quando a Hilllary Clinton disputava a vaga com Obama, um amigo meu brincou comigo dizendo que os Estados Unidos tinham de escolher entre uma mulher e um negro, e, se eu fosse candidata no Brasil, não teríamos esse problema, porque sou mulher e negra.
Nas páginas amarelas da edição 2128 de Veja (2 de setembro de 2009), Marina Silva é bombardeada inteligentemente pela jornalista Sandra Brasil. E a doce Marina morena, com sabedoria e serenidade, responde a tudo...
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Veja: Os Estados Unidos elegeram o primeiro presidente negro de sua história, Barack Obama. Ele é fonte de inspiração?
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Marina Silva: Eu também sou negra, mas seria muito pretensioso da minha parte me colocar como similar ao Obama. Ele é uma inspiração para todas as pessoas que ousam sonhar. A questão racial teve um peso importante na eleição americana. Mas os Estados Unidos têm uma realidade diferente da do Brasil. Eu nunca fui vítima de preconceito racial aqui.
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Veja: A senhora poderia se apresentar como uma candidata negra na campanha presidencial?
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Marina Silva: Não. É legítimo que as pessoas decidam votar em alguém por se identificar com alguma de suas características, como o fato de ser mulher, negra e de origem humilde. Mas seria oportunismo explorar isso numa campanha. O Brasil tem uma vasta diversidade étnica e deve conviver com as suas diferentes realidades. Caetano Veloso (compositor/cantor baiano) já disse que “Narciso acha feio o que não é espelho”. Nós temos de aprender a nos relacionar com as diferenças, e não estimular a divisão. A história engraçada é que, durante as prévias do Partido Democrata americano, quando a Hilllary Clinton disputava a vaga com Obama, um amigo meu brincou comigo dizendo que os Estados Unidos tinham de escolher entre uma mulher e um negro, e, se eu fosse candidata no Brasil, não teríamos esse problema, porque sou mulher e negra.
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Ilustração: Dálcio
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