Aroldo Pedrosa: E as notas dissonantes se integraram ao som dos imbecis
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Parafraseando “1968 – o ano que não terminou”, do Zuenir Ventura, na última quinta-feira – 27 de agosto de 2009 –, mesmo com o alinhamento do Sol, Lua e Terra à meia-noite, as forças gravitacionais do Universo não conspiraram a favor do show-manifesto Tropicália na Linha do Equador. Seria praga do bispo que "não rasga dinheiro, não" Edir Macedo? Do presidente "eu não peço desculpa da patifaria dos atos secretos" José Sarney e seus discípulos? Ou seja, do “Brasil da pilantragem do século 21”, como anunciávamos no convite? De qualquer forma foi frustrante a interrupção de energia elétrica – que durou mais de uma hora – depois de apresentar (meio fora do tom) a terceira música do show, “Como Dois e Dois”, composta por Caetano Veloso no exílio londrino. “Como dois e dois são cinco” – diga-se de passagem – é uma frase pensada pelo russo Tolstói e digerida antropofagicamente por Caetano, numa gozação tropicalista pra falar da situação do Brasil daquele regime arbitrário e truculento dos anos 60. Parece que os fantasmas ditatoriais emergiram do mundo das sombras para atrapalhar a nossa festa tropical-socialista na noite de quinta-feira, que, horas antes, já andava atropelada nos preparativos – os ensaios foram mínimos e sempre com a ausência inesperada de um ou outro músico. Mas como compromisso é compromisso, e teríamos que fazer valer o que estava escrito, fomos assim mesmo ao SESC Centro apresentar o show que, infelizmente, começou mal e não teve fim pela falta, sobretudo, do fornecimento de energia elétrica.
Há males, porém, que vêm pra bem. Estamos agora reavaliando os erros, as tensões e entraves daquele princípio de espetáculo complicado, para sacudir a poeira e – creia – dá a volta por cima. E a crítica que não toque na poesia!
Tempo haverá agora pra isso, de buscar nova pauta no SESC Centro e apresentar na íntegra o show interrompido nos primeiros acordes e versos de “Fera Ferida”: Acabei com tudo...
Apesar de tudo, o público presente me emocionou muitíssimo ao completar na escuridão – e numa só voz – a bela canção romântica de Roberto e Erasmo Carlos.
Tropicália é isso aí. Muito obrigado, platéia! E aguarde para muito breve o nosso retorno cantando desta vez com vocês a canção...
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FERA FERIDA
Roberto Carlos / Erasmo Carlos
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Acabei com tudo
Escapei com vida
Tive as roupas e os sonhos
Rasgados na minha saída
Mas saí ferido
Sufocando o meu gemido
Fui o alvo perfeito
Muitas vezes no peito atingido
Animal arisco
Domesticado esquece o risco
Me deixei enganar
E até me levar por você
Eu sei
Quanta tristeza eu tive
Mas mesmo assim se vive
Morrendo aos poucos por amor
Eu sei
Que o coração perdoa
Mas não esquece à toa
E eu não esqueci
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Não vou mudar
Esse caso não tem solução
Sou fera ferida
No corpo, na alma e no coração
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Eu andei demais
Não olhei pra trás
Era solto em meus passos
Bicho livre sem rumo e sem laços
Me senti sozinho
Tropeçando em meu caminho
À procura de abrigo
Uma ajuda, um lugar, um amigo
Animal ferido
Por instinto decidido
Os meus rastros desfiz
Tentativa infeliz de esquecer
Eu sei
Que flores existiram
Mas que não resistiram
A vendavais constantes
Eu sei
Que as cicatrizes falam
Mas as palavras calam
O que eu não esqueci
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Não vou mudar
Esse caso não tem solução
Sou fera ferida
No corpo, na alma e no coração
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Esta canção foi gravada por Caetano no disco solo de 1988.
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Parafraseando “1968 – o ano que não terminou”, do Zuenir Ventura, na última quinta-feira – 27 de agosto de 2009 –, mesmo com o alinhamento do Sol, Lua e Terra à meia-noite, as forças gravitacionais do Universo não conspiraram a favor do show-manifesto Tropicália na Linha do Equador. Seria praga do bispo que "não rasga dinheiro, não" Edir Macedo? Do presidente "eu não peço desculpa da patifaria dos atos secretos" José Sarney e seus discípulos? Ou seja, do “Brasil da pilantragem do século 21”, como anunciávamos no convite? De qualquer forma foi frustrante a interrupção de energia elétrica – que durou mais de uma hora – depois de apresentar (meio fora do tom) a terceira música do show, “Como Dois e Dois”, composta por Caetano Veloso no exílio londrino. “Como dois e dois são cinco” – diga-se de passagem – é uma frase pensada pelo russo Tolstói e digerida antropofagicamente por Caetano, numa gozação tropicalista pra falar da situação do Brasil daquele regime arbitrário e truculento dos anos 60. Parece que os fantasmas ditatoriais emergiram do mundo das sombras para atrapalhar a nossa festa tropical-socialista na noite de quinta-feira, que, horas antes, já andava atropelada nos preparativos – os ensaios foram mínimos e sempre com a ausência inesperada de um ou outro músico. Mas como compromisso é compromisso, e teríamos que fazer valer o que estava escrito, fomos assim mesmo ao SESC Centro apresentar o show que, infelizmente, começou mal e não teve fim pela falta, sobretudo, do fornecimento de energia elétrica.
Há males, porém, que vêm pra bem. Estamos agora reavaliando os erros, as tensões e entraves daquele princípio de espetáculo complicado, para sacudir a poeira e – creia – dá a volta por cima. E a crítica que não toque na poesia!
Tempo haverá agora pra isso, de buscar nova pauta no SESC Centro e apresentar na íntegra o show interrompido nos primeiros acordes e versos de “Fera Ferida”: Acabei com tudo...
Apesar de tudo, o público presente me emocionou muitíssimo ao completar na escuridão – e numa só voz – a bela canção romântica de Roberto e Erasmo Carlos.
Tropicália é isso aí. Muito obrigado, platéia! E aguarde para muito breve o nosso retorno cantando desta vez com vocês a canção...
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FERA FERIDA
Roberto Carlos / Erasmo Carlos
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Acabei com tudo
Escapei com vida
Tive as roupas e os sonhos
Rasgados na minha saída
Mas saí ferido
Sufocando o meu gemido
Fui o alvo perfeito
Muitas vezes no peito atingido
Animal arisco
Domesticado esquece o risco
Me deixei enganar
E até me levar por você
Eu sei
Quanta tristeza eu tive
Mas mesmo assim se vive
Morrendo aos poucos por amor
Eu sei
Que o coração perdoa
Mas não esquece à toa
E eu não esqueci
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Não vou mudar
Esse caso não tem solução
Sou fera ferida
No corpo, na alma e no coração
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Eu andei demais
Não olhei pra trás
Era solto em meus passos
Bicho livre sem rumo e sem laços
Me senti sozinho
Tropeçando em meu caminho
À procura de abrigo
Uma ajuda, um lugar, um amigo
Animal ferido
Por instinto decidido
Os meus rastros desfiz
Tentativa infeliz de esquecer
Eu sei
Que flores existiram
Mas que não resistiram
A vendavais constantes
Eu sei
Que as cicatrizes falam
Mas as palavras calam
O que eu não esqueci
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Não vou mudar
Esse caso não tem solução
Sou fera ferida
No corpo, na alma e no coração
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Esta canção foi gravada por Caetano no disco solo de 1988.
4 comentários:
Aroldo,
Parabéns pelo Blog e continue firme na realização de suas produções.
Estava acompanhando ansioso para saber como foi o Show e vejo que vc teve um montão de problemas, mas tenha certeza que isso só vai te levar a um sucesso imenso no próximo, onde com certeza tudo acontecerá dentro do planejado.
Sorte e Sucesso !!
Abraço
Beto lacerda
Muito obrigado, grande Beto Lacerda, pela força. Realmente... problemas surgiram, mas - como naquele filme extraordinário A FELICIDADE NÃO SE COMPRA (Franck Capra)- "quem tem amigos não conhece o fracasso", e eles deram uma demonstração plausível cantando no escuro FERA FERIDA. Estamos no processo de sacudir a poeira para dar, em breve, a volta por cima. O show-manifesto, devemos realizá-lo em breve, no mesmo local, e com a certeza de ter a platéia (maravilhosa) que esteve lá, de novo, e outros que, pela repercussão do "aperitivo", devem, certamente, ir. Estou muito feliz, apesar da interrupção do show por falta de energia elétrica - é a boa energia do meu filhinho bonito Glauber Caetano que está me deixando assim feliz. O Capi esteve por lá e disse que volta quando divulgarmos a nova data - olha que coisa! É isso aí, Beto, mais uma vez, obrigado pela força. E viva a liberdade e a Tropicália!
Il semble que vous soyez un expert dans ce domaine, vos remarques sont tres interessantes, merci.
- Daniel
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