quinta-feira, 23 de julho de 2009

CAETANE-SE!


Mais uma da família Sarney. É demais! Isso me lembra uma canção do inesquecível Gonzaguinha, uma canção bem humorada de protesto que fez muito sucesso quando declinava a ditadura que esse senador também fazia parte: É – cuja letra falava que “a gente não está com a bunda exposta na janela pra passar mão nela”. E esses caras aí de novo - desta vez com o voto do povo - e seus podres poderes à sacanear a gente e ficar por isso mesmo. O excelentíssimo senhor presidente sem pudor diz, de alto e bom som, que não renuncia, que a crise não é dele – “mas do Senado” – e se agarra cinicamente ao Sêneca e sei lá mais no quê...
Agora, a coisa mais repugnante é a grande imprensa do Amapá indiferente a esses abusos todos. Os principais jornais não dão uma linha... nem aí pras ligações da Beatriz pedindo “a vaga que é nossa” (lá do Senado) pro seu namoradinho. E o vovô ao telefone respondendo a ela, e, conseqüentemente, ruborizando o Brasil e o mundo (porque isso tem repercussão no mundo todo). Parece que o Amapá nem é o Brasil, assistindo a esses escândalos intermináveis com tamanha indiferença. Claro, há veículos que estão em sintonia com a imprensa nacional, mas não são os grandes jornais daqui.

Amapá, faça como a trupe da vanguarda: CAETANE-SE!

PODRES PODERES
Caetano Veloso

Enquanto os homens exercem seus podres poderes
Motos e fuscas avançam os sinais vermelhos
E perdem o verde
Somos uns boçais

Queria querer gritar setecentas mil vezes
Como são lindos, como são lindos os burgueses
E os japoneses
Mas tudo é muito mais

Será que nunca faremos senão confirmar
A incompetência da América católica
Que sempre precisará de ridículos tiranos?

Será, será que será que será que será
Será que esta minha estúpida retórica
Terá que soar, terá que se ouvir
Por mais zil anos?

Enquanto os homens exercem seus podres poderes
Índios e padres e bichas, negros e mulheres
E adolescentes fazem o carnaval

Queria querer cantar afinado com eles
Silenciar em respeito ao seu transe, num êxtase
Ser indecente
Mas tudo é muito mau

Ou então cada paisano e cada capataz
Com sua burrice fará jorrar sangue demais
Nos pantanais, nas cidades, caatingas
E nos Gerais?

Será que apenas os hermetismos pascoais
Os tons, os mil tons, seus sons e seus dons geniais
Nos salvam, nos salvarão dessas trevas
E nada mais?

Enquanto os homens exercem seus podres poderes
Morrer e matar de fome, de raiva e de sede
São tantas vezes gestos naturais

Eu quero aproximar o meu cantar vagabundo
Daqueles que velam pela alegria do mundo
Indo mais fundo
Tins e bens e tais

Nota do Editor: A canção está no repertório do show A Tropicália na Linha do Equador, que vou fazer no projeto ALDEIA - povos da floresta , do SESC AMAPÁ, em 27/08/2009.

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