terça-feira, 17 de novembro de 2009

GIL SOBRE MAUTNER


Gilberto Gil
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Jorge Mautner é um homem. Forte como um rochedo, claro como a água, leve como o vento. Os fios elétricos, a bola de borracha, os buracos da flauta, a sola do sapato, as patas do mosquito, e o palito do meio do pirulito. Jorge Mautner pode ser qualquer coisa. Tudo. Claro que tudo é tudo e tudo e todo mundo é, diria você; mas Jorge realiza, em si, a caminhada para a consciência desse TUDO; e como ele brinca com as pedras do caminho.
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Jorge Mautner é uma criança distraída e tola. Sua tolice é como a lente potente do telescópio do Monte Palomar: traz as estrelas para perto, para dentro, para o centro do pensar. Pensar tolices de menino numa máquina de ampliar. Assim é como eu já ví Jorge Mautner, tantas vezes, a pensar. Ele é, não tenho dúvidas: ele é um menino distraído que nos pede para lhe ensinar. Um mestre.
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Ele é um mestre.
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"Desafinado" foi um manifesto da alma do homem da história daquele tempo - Brasil, anos 50. "Tropicalista" foi um manifesto da alma do homem da história daquele tempo - Brasil, anos 60. "Maracatu Atômico" é um manifesto da alma do homem da história deste tempo - Brasil, anos 70. 50, 60, 70, e assim por diante, caminho do corpo universal, o espírito de Deus.

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