quinta-feira, 26 de novembro de 2009

CARTA ABERTA DO BRUNO

Caro Aroldo,
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Escrevo, depois de tanto tempo, na esperança de não ter sido totalmente esquecido do pessoal aí de Macapá. Apesar de ter um perfil pouco extrovertido, espero ter deixado uma boa lembrança.
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Vou ficar por aqui. Não volto mais. Macapá vai ser um quadro na parede. Não vai doer muito. Meu sentimentalismo não é dos maiores. Contudo, foram dez anos de minha vida que espero não ter jogado fora. O fato de tê-lo conhecido é um destes motivos que me animam a pensar que não foi tudo em vão. Além de minha dedicação à literatura em sala de aula.
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Sua garra e determinação, além do engajamento coerente, dentro de uma visão estética e política bem definidas, refletidas num trabalho concreto (Vanguarda Cultural), são um motivo de admiração para mim. Sou muito cético e relativista para ter uma clareza e idolatria assim tão integrais e, até... ingênuas. Mas deve ser bom poder-se aconchegar assim em idéias e amores tão sólidos e poder chamar um filho de Glauber Caetano (lindo!). Admiro ambos (o Glauber e o Caetano), assim como gostei de ver a foto de seu filho no seu excelente blog. Só não consigo, e até gosto desta “incapacidade” de confiar totalmente em alguém, e, muito menos idolatrar. Nem Jesus Cristo; Deus me perdoe. A desconfiança e iconoclastia cimentam a base de uma boa personalidade intelectual. Mesmo que eu conheça o meu lugar e saiba dar a César o que é de César.
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Mas a minha falta de realizações e de movimentação se apequenam diante de seu movimento e sua mobilização artística e intelectual num meio tão árido – apesar da exuberância aquático-vegetal. É de se tirar o chapéu e, a você, mais do que a César, tem que se dar todos os louros da vitória. Você simplesmente acredita e faz. Bravo! Não é para qualquer um.
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Só espero que você não se esqueça de mim. Preciso ter deixado aí alguma coisa de valor. E a memória minha numa mente e num espaço como o seu são uma honra para mim.
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Anexo vai um tablóide cultural daqui, respeitado, que circula em importantes espaços culturais, veja na última página: tem só gente fina escrevendo, ótimos artigos. Na página nove tem uma modesta contribuição minha. Um texto que eu já te enviei algumas vezes para publicação, mas... nem sei se você leu. Ainda tenho a esperança de vê-lo na sua querida revista. Sinceramente.
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Sem mais, adeus.
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Bruno de Sá Motta Vieira Martins
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Nota do Editor: Os artigos do Bruno serão postados em breve em nossa página eletrônica.

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