quarta-feira, 30 de dezembro de 2009

VOTOS TROPICALISTAS DE BOAS FESTAS

A produtora Refazenda, dos artistas Gilberto Gil e Adriana Calcanhoto, nos enviou o cartão eletrônico acima, o qual agradecemos e retribuímos votos de que a vida fique mais verde e cultural em 2010. Ave!

MAIS IMAGENS DO SHOW DA TROPICÁLIA

Uma visão geral do Sesc Centro, internamente, no show da Tropicália

A palteia atenta à "Construção", de Chico Buarque, na voz de Aroldo e Roni

terça-feira, 29 de dezembro de 2009

FELIZ 2010!

Com essas festas de fim de ano, ando meio desligado daqui. Mas devo voltar em breve pra falar sobretudo de CARNAVAL, que será, sem dúvida, o assunto dos próximos dois meses (janeiro e fevereiro). De qualquer forma, antes desse retorno, um FELIZ 2010 PRA TODOS VOCÊS, que aprovam a nossa navegação pela vanguarda. Muito obrigado por 2009 e pelos mais de 5 mil acessos!

terça-feira, 22 de dezembro de 2009

TROPICÁLIA EM TARTARUGALZINHO


BANANAS PARA O ARTISTA
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Um dos integrantes do grupo Rapazola, que fazia apresentação no último fim de semana em Tartarugalzinho (AP), durante o “Festival da Banana”, teve que interromper o show por alguns minutos porque a multidão começou a lhe atirar bananas. A PM teve que intervir. Graças a essa intervenção, o fato ficou mesmo nas bananas, que enlamearam o palco das apresentações.
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Lembra o episódio de “É proibido proibir”, com Caetano Veloso, em 1968, no Festival Internacional da Canção-FIC. É a Tropicália em Tartarugalzinho!
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TROPICÁLIA
Caetano Veloso

Quando Pero Vaz Caminha
Descobriu que as terras brasileiras eram férteis e desejantes
Escreveu uma carta ao rei
Tudo o que nela se planta tudo cresce e floresce
E o Edilson Dutra da época gravou


Sobre a cabeça os aviões
Sob os meus pés os caminhões
A ponta contra os chapadões
Meu nariz
Eu organizo o movimento
Eu oriento o carnaval
Eu inauguro o monumento no Planalto Central do país

Viva a bossa-sa-sa
Viva a palhoça-ça-ça-ça-ça

O monumento é de papel crepom e prata
Os olhos verdes da mulata
A cabeleira esconde atrás da verde e mata
O luar do sertão
O monumento não tem porta
A entrada é uma rua antiga estreita e torta
E no joelho uma criança sorridente, feia e morta
Estende a mão

Viva a mata-ta-ta
Viva a mulata-ta-ta-ta-ta

No pátio interno há uma piscina
Com água azul de Amaralina
Coqueiro, brisa e fala nordestina e faróis
Na mão direita tem uma roseira
Autenticando eterna primavera
E nos jardins os urubus passeiam à tarde inteira
Entre os girassóis

Viva a Maria-ia-ia
Viva a Bahia-ia-ia-ia-ia

No pulso esquerdo o bang-bang
Em suas veias corre muito pouco sangue
Mas seu coração balança ao samba de um tamborim
Emite acordes dissonantes
Pelos cinco mil alto-falantes
Senhoras e senhores ele põe uns olhos grandes
Sobre mim

Viva Iracema-ma-ma
Viva Ipanema-ma-ma-ma-ma

Domingo é o Fino da Bossa
Segunda-feira está na fossa
Terça-feira vai à roça, porém
O monumento é bem moderno
Não disse nada do modelo do meu terno
Que tudo mais vá pro inferno, meu bem

Viva a Banda-da-da
Carmem Miranda-da-da-da-da-da

AS CIATAS

Volto a escrever sobre o assunto abaixo nos próximos dias. E com a minha opinião, porque sou um caboclo amazônida - e de Macapaba (te manca!) - de opinião tropicalista. Toma-te!

segunda-feira, 21 de dezembro de 2009

ARTIGO CIENTÍFICO

A BAHIA E O RIO: ITINERÁRIO DO SAMBA POR CAETANO VELOSO
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Roncalli Dantas Pinheiro/UFPB
Orientador: Amador Ribeiro Neto/UFPB
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O presente trabalho tem como objetivo fazer uma leitura da letra da canção Onde o rio é mais baiano, inserida no disco Livro (1997), de Caetano Veloso, partindo da teoria da composição de canções, em que Luiz Tatit (2003) estabelece elementos sensitivos de iconização na dicção de Caetano. Buscaremos identificar os mecanismos que fazem desta letra uma produção icônica que se estabelece a partir do cruzamento das linguagens musical e literária, sugerindo a conexão mítica que o samba estabelece entre a Bahia e o Rio de Janeiro na estrutura dessa canção.
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Em Onde o Rio é mais baiano, Caetano provoca deslocamentos espaciais entre a Bahia e o Rio através de um espelho em que a imagem da Bahia é sobreposta à do Rio de Janeiro, sob aspectos culturais, permitindo a transitoriedade tanto textual quanto dos elementos rítmicos e musicais devido à simetria icônica, invertida e reflexa entre as duas cidades.
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A primeira estrofe inicia-se em terceira pessoa, imprimindo à canção um caráter de veracidade no argumento de unidade, que é ratificado por considerações mitológicas, citando o caso da migração das Ciatas da Bahia para o Rio em contraponto com a viagem de Jamelão do Rio de Janeiro ao Rio Vermelho, em Salvador. As aproximações são também construídas no interior da estrofe, em que a estação primeira do Brasil se confunde com a Estação Primeira de Mangueira, construindo o amálgama Bahia/Mangueira/Rio.
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Na segunda estrofe o Eu-lírico transpõe efetivamente o espelho e se desloca, em primeira pessoa, entre as duas cidades. A transposição é efetuada imageticamente pelos cruzamentos dos elementos Rio Vermelho, em Salvador, simétrico à Mangueira, no Rio de Janeiro. Jamelão faz a simetria com o Eu-lírico da canção de Caetano, sugerindo a imagem da Mangueira na avenida e oferecendo seu equivalente na Bahia, que ocorre no dia 2 de fevereiro na festa de Iemanjá.
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A simetria invertida também é estabelecida quanto aos elementos melódicos. Toda a primeira parte está em tonalidade menor, cadenciado pelo samba com predominância dos prolongamentos das vogais, principalmente da vogal “i” evidenciando a passionalização contida no reconhecimento da própria identidade cultural, a partir do outro. Logo em seguida, coincidindo com a segunda estrofe, a melodia passa à tonalidade maior e o ritmo, que era cadenciado pelo samba, passa a ser o samba reggae com predomínio dos ataques consonantais, de andamento mais dinâmico, enfatizando a atitude ativa do Eu-lírico, que transpõe, migra e retorna em um vai-e-vem através dos elementos já citados.
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ONDE O RIO É MAIS BAIANO
Caetano Veloso
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A Bahia
Estação primeira do Brasil
Ao ver a Mangueira nela inteira se viu
Exibiu-se sua face verdadeira
Que alegria
Não ter sido em vão que ela expediu
As Ciatas pra trazerem o samba pra o Rio
(Pois o mito surgiu dessa maneira)
E agora estamos aqui
Do outro lado do espelho
Com o coração na mão
Pensando em Jamelão no Rio Vermelho
Todo ano, todo ano
Na festa de Iemanjá
Presente no dois de fevereiro
Nós aqui e ele lá
Isso é a confirmação de que a Mangueira
É onde o Rio é mais baiano

TROPICÁLIA NA LINHA DO EQUADOR

Aroldo Pedrosa e a banda Vanguarda Amazônica fazem a Tropicália

Rebeca Braga e Aroldo Pedrosa cantam "Nosso Estranho Amor" (Caetano Veloso)

Rosa Rente na intervenção poética de "Juvenar" (André Abujamra)

Layza Michelle cantando "Baby" (Caetano Veloso)

Roni Moraes e Aroldo Pedrosa cantando "Construção" (Chico Buarque)

segunda-feira, 14 de dezembro de 2009

A PULSAÇÃO DA TROPICÁLIA


Depois das marchinhas de carnaval que finalizaram o show, a pose da intrépida trupe para o clic.

TROPICÁLIA NA LINHA DO EQUADOR


Quero agradecer a todos que lotaram o SESC Centro - terça-feira (8) - para ver o nosso show Tropicália na Linha do Equador. Nova banda, gente bonita e com o maior talento. Estão pedindo bis. Vamos fazer de novo em breve. As fotos do show posto aqui nos próximos dias. Muito obrigado!

domingo, 6 de dezembro de 2009

É PROIBIDO PROIBIR A TROPICÁLIA


Lulih Rojanski
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O projeto NAVEGANDO NA VANGUARDA apresenta o show-manifesto Tropicália na Linha do Equador, com o compositor/cantor amapaense Aroldo Pedrosa, vencedor de festivais de música popular pelo país, entre eles o 3º Fest Sinhá – Festival Internacional da Canção de Goiás/2000, o 10º Festival MPB de Tatuí/2001 (SP), o 37º Festival da Canção de Boa Esperança/2005 (MG) e o II Festival Universitário da Canção-Feucan/2005 (Macapá-AP).
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Aroldo Pedrosa contará com o acompanhamento da banda Vanguarda Amazônica, formada pelos músicos amapaenses Alan Bacelar (direção musical, violão e guitarra solo), Irlan Guido (guitarra base), João Paulo (teclado), Helder Melo (baixo), Tato (bateria), Paulo Vilhena (percussão), Aritiene Dias (sax), Jorge Luís (trompete) e Antônio Carlos (trombone). Fechando o elenco, as becking-vocal Lorena e Camila, e a atriz Rosa Rente, que fará intervenções poéticas tropicalistas.
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O repertório das canções do show foi escolhido através de um trabalho minucioso de pesquisa, fazendo um panorama da MPB, que vai da popularíssima e inesquecível Vou tirar você desse lugar (Odair José) à antológica e revolucionária É proibido proibir (Caetano Veloso), além das canções do compositor Aroldo Pedrosa que se destacaram pelos festivais do Brasil, como Levemente Louca e Todas as Mulheres do Mundo nº 2” – ambas em parceria com o compositor Cléverson Baía.
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Tropicália na Linha do Equador é um show coletivo de artistas convidados – Lula Jerônimo, Jô Masan, Cléverson Baía, Dilean Monper, Roni Moraes, Dylan Rocha, Américo Brasil, Alê d’Ile, Rebeca Braga, Layza Michelle e Brenda Nandes.
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O clássico Sintonia (Moraes Moreira), Aroldo Pedrosa e Américo Brasil cantam em homenagem saudosista à chamada música brega de qualidade que o movimento, sem nenhum preconceito, absorvia. A extraordinária Construção, de Chico Buarque de Holanda, e com os mesmos arranjos do tropicalista Rogério Duprat, o anfitrião interpreta em parceria com Roni Moraes, para, em seguida, rememorarem Você não entende nada/Cotidiano, do antológico encontro de Chico e Caetano, no show gravado ao vivo, realizado em 1972, no Teatro Castro Alves (Salvador/BA).
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Alan Bacelar é um jovem compositor do movimento musical alternativo de Macapá (as chamadas bandas de garagem), mas que envereda pela MPB, tendo inclusive classificado música em festival do Rio de Janeiro. No show-manifesto, acompanhado pelo piano de Dilean Monper, Alan canta Imagine (John Lennon), em homenagem ao genial artista inglês assassinado em 8 de dezembro de 1980, ou seja, há exatos 19 anos. Depois, com a banda, faz Perfeição (Renato Russo) – canção contemporânea de protesto ao “Brasil da pilantragem do século 21”. Lula Jerônimo e Alê d’Ile homenageiam Tom Jobim, falecido também na mesma data e cidade (Nova York), mas há 10 anos.
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Rebeca Braga despontou no Festival Jovem da Canção (Fejoca) e hoje é cantora reconhecida em nosso cenário musical – canta Lindonéia (Caetano Veloso/ Gilberto Gil), gravada recentemente por Fernanda Takai. Dylan Rocha tem o jamaicano Bob Marley como mestre e faz o reggae do umbigo do mundo. Cléverson Baía, parceiro do protagonista Aroldo Pedrosa, é convidado para mostrar Levemente Louca.
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Layza Michelle e Brenda Nandes, que debutaram em shows recentes pelo projeto Botequim (Sesc Amapá), vão incorporar a cantora tropicalista baiana Gal Costa, com as clássicas Vapor Barato e Baby.
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Importante momento do show-manifesto é a reverência que o artista – discípulo confesso do movimento tropicalista – faz aos 41 anos da Tropicália, rememorando dois episódios históricos e controvertidos da cultura brasileira: o Phono 73 – quando o compositor/cantor baiano Caetano Veloso, ao retornar do exílio londrino, se apresentou com o cantor brega Odair José, cantando Vou tirar você desse lugar. O segundo episódio é o polêmico Festival Internacional da Canção-FIC, de 1968, realizado no Teatro TUCA (SP) e promovido pela Rede Globo, onde o criador da Tropicália, acompanhado da banda Os Mutantes, defendeu a sua É proibido proibir, explodindo em um discurso que perpetuou a máxima “Vocês não estão entendendo nada”. A reverência culmina com o retorno de “1968 – o ano que não terminou”, do escritor e jornalista Zuenir Ventura – livro famoso que fala dos acontecimentos da época, reeditado agora e provocando novas e acaloradas discussões. Em Vou tirar você desse lugar, o músico Alan Bacelar faz o violão tocado por Odair José, e na emblemática É proibido proibir, a banda Vanguarda Amazônica recebe o reforço da Mini Box Lunar para reviver a banda tropicalista Os Mutantes. É proibido proibir é homenagem ainda aos músicos que fizeram Os Joviais – grupo musical amapaense, dos anos 1960, provocador da retirada do governador Ivanhoé Gonçalves Martins – o mais linha-dura de todos os governadores militares que vieram para o Amapá no período da ditadura –, ao tocar em evento a canção de protesto de Caetano Veloso. O vocalista-fundador da banda, Jô Masan, hoje com mais de 50 anos, é convidado para relembrar o inusitado episódio ocorrido no auditório do Cine Territorial (atual Escola Barão do Rio Branco) e cantar Vou Ver Chicago, feita numa noite longínqua e clandestina dos anos rebeldes.
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No repertório tem ainda Como 2 e 2, composição de Caetano Veloso composta no exílio londrino para o rei Roberto Carlos e Soy loco por ti, América (Gilberto Gil/ Capinan), composição feita em homenagem ao líder guerrilheiro Che Guevara, morto em 1968. Esta canção (uma idéia de Caetano) é marco do Tropicalismo. E para temperar e mexer ainda mais o caldeirão, Linha do Equador – canção de Caetano em parceria com o compositor alagoano Djavan, e bem representativa da idéia da Tropicália no meio do mundo. E o show se encerra apoteoticamente com canções carnavalescas: Eu quero botar meu bloco na rua (Sérgio Sampaio) – que o Brasil inteiro cantou nos anos 1970, outra importante canção de resistência ao truculento regime militar instaurado no Brasil a partir de 1964 –, A filha da Chiquita Bacana e Chuva, Suor e Cerveja – marchinhas maravilhosas e pulsantes do disco “Muitos Carnavais” do doce bárbaro baiano.
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Tropicália na Linha do Equador contará ainda com cenário, decoração e banquete de frutas. Não perca!
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Serviço
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Show: Tropicália na Linha do Equador
Local: SESC Centro – Avenida Padre Júlio com Rua General Rondon
Data: 8 de dezembro de 2009 – terça-feira
Início: 21h
Traje: Tropicalista
Entrada: Franca -
leve uma fruta tropical para o Banquete da Tropicália.

quinta-feira, 26 de novembro de 2009

O JOIO DO TRIGO


Aroldo Pedrosa
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O professor Bruno me escreve carta de Belo Horizonte. O missivista foi colaborador de Vanguarda Cultural, quando morou aqui em Macapá e era meu vizinho de vila. Bruno foi professor da rede estadual de ensino e, pouco antes de voltar para o seu estado de origem (Minas Gerais), deu aulas de literatura na Escola Estadual de Integração, ali da Avenida FAB. Na época escreveu e me mostrou contundente artigo sobre as mazelas do meio do mundo – “Afogados nessa pororoca até as narinas” –, que publiquei em uma das primeiras edições de minha revista, e que posto agora aqui sob recomendação de que o navegador desta nave não deixe de ler – até para compreender melhor o contexto de nossa prosa.
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O texto escrito a foice, de Bruno, que não poupava ninguém, me encheu os olhos. Estava ali o cara com uma arma de palavras afiadas em punho que tanto precisávamos para mostrar há que viemos. Mas foi o único artigo do Bruno, que também escreve em alemão.
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E aí os anos foram se passando até chegar às eleições de 2006. Na disputa para a única vaga no Senado e com a diferença de 5% dos votos apenas para o segundo lugar (a candidata socialista e negra Cristina Almeida) os “Afogados nessa pororoca até as narinas” conduziram o maranhense José Sarney para o cumprimento de mais oito anos àquela Casa de Leis, e, para a minha estonteante surpresa, com o voto do professor mineiro. “Meu voto foi para o grande estadista que ele é”, tentou justificar a contradição, exatamente com essas palavras, quando lhe perguntei.
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Agora, depois de ver emergir o monstro da lagoa, ele me escreve carta simpaticíssima, elogiando esse meu (segundo ele) “engajamento coerente, dentro de uma visão estética e política bem definidas”, mas acrescentando de que (sic) até gosta de sua “incapacidade” de confiar totalmente em alguém, e, muito menos idolatrar.
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Há pessoas diferentes no mundo, e é preciso que saibamos diferenciá-las, separá-las... como se separa o joio do trigo. E Jesus Cristo, então... pelo amor de Deus, nem se fala!

CARTA ABERTA DO BRUNO

Caro Aroldo,
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Escrevo, depois de tanto tempo, na esperança de não ter sido totalmente esquecido do pessoal aí de Macapá. Apesar de ter um perfil pouco extrovertido, espero ter deixado uma boa lembrança.
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Vou ficar por aqui. Não volto mais. Macapá vai ser um quadro na parede. Não vai doer muito. Meu sentimentalismo não é dos maiores. Contudo, foram dez anos de minha vida que espero não ter jogado fora. O fato de tê-lo conhecido é um destes motivos que me animam a pensar que não foi tudo em vão. Além de minha dedicação à literatura em sala de aula.
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Sua garra e determinação, além do engajamento coerente, dentro de uma visão estética e política bem definidas, refletidas num trabalho concreto (Vanguarda Cultural), são um motivo de admiração para mim. Sou muito cético e relativista para ter uma clareza e idolatria assim tão integrais e, até... ingênuas. Mas deve ser bom poder-se aconchegar assim em idéias e amores tão sólidos e poder chamar um filho de Glauber Caetano (lindo!). Admiro ambos (o Glauber e o Caetano), assim como gostei de ver a foto de seu filho no seu excelente blog. Só não consigo, e até gosto desta “incapacidade” de confiar totalmente em alguém, e, muito menos idolatrar. Nem Jesus Cristo; Deus me perdoe. A desconfiança e iconoclastia cimentam a base de uma boa personalidade intelectual. Mesmo que eu conheça o meu lugar e saiba dar a César o que é de César.
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Mas a minha falta de realizações e de movimentação se apequenam diante de seu movimento e sua mobilização artística e intelectual num meio tão árido – apesar da exuberância aquático-vegetal. É de se tirar o chapéu e, a você, mais do que a César, tem que se dar todos os louros da vitória. Você simplesmente acredita e faz. Bravo! Não é para qualquer um.
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Só espero que você não se esqueça de mim. Preciso ter deixado aí alguma coisa de valor. E a memória minha numa mente e num espaço como o seu são uma honra para mim.
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Anexo vai um tablóide cultural daqui, respeitado, que circula em importantes espaços culturais, veja na última página: tem só gente fina escrevendo, ótimos artigos. Na página nove tem uma modesta contribuição minha. Um texto que eu já te enviei algumas vezes para publicação, mas... nem sei se você leu. Ainda tenho a esperança de vê-lo na sua querida revista. Sinceramente.
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Sem mais, adeus.
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Bruno de Sá Motta Vieira Martins
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Nota do Editor: Os artigos do Bruno serão postados em breve em nossa página eletrônica.

CHORINHO DA CASA DO GILSON EM MACAPÁ

Mariléia Maciel
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O mais tradicional grupo de chorinho do norte do Brasil se apresenta em Macapá no próximo dia 03 de dezembro. É o Grupo Gente de Choro, que toca quase que exclusivamente na Casa do Gilson, em Belém, e lota o espaço de amantes de chorinho onde apresenta o repertório eclético com composições de artistas consagrados de todo o país.
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O grupo foi criado há 30 anos para preservar o gênero choro e é integrado por músicos experientes, como Paulo Borges, Adamor do Bandolim, Gilson Rodrigues, Cardosinho, Paulinho Moura, Gerardão, Amarildo Raiol e Emilinho Meninéa. Além da Casa do Gilson, eles se apresentam em shows e eventos culturais no Estado do Pará e outros estados.
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Gente de Choro vai se apresentar na Casa de Choro Pura Raiz como participação especial na programação que inclui ainda Clarinetada do Bejamim, show de flauta com crianças, grupo Pura Raiz, velha guarda do samba e para encerrar, o chorinho do Pará. As mesas custam R$ 40,00 e podem ser compradas com o proprietário, o Ceará da Cuíca, pelo fone: 9903-5239.

segunda-feira, 23 de novembro de 2009

MINI BOX LUNAR E JORGE MAUTNER


A banda amapaense Mini Box Lunar se apresentou com o compositor/cantor pré-tropicalista Jorge Mautner. O encontro aconteceu na noite do dia 19 de novembro, na programação do Seminário Internacional do Fórum Cultural Digital Brasileiro, realizado em São Paulo. Para assistir ao encontro, é só acessar o site do Seminário.
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Foto: Alexandre Brito

DEU NO JORNAL O ESTADO DE SÃO PAULO

No Amapá, jornalistas e blogueiros aprovaram, durante a Conferência Estadual de Comunicação, uma moção de repúdio contra o presidente do Senado, José Sarney (PMDB-AP), que acusam de cercear a liberdade de expressão ao mover mais de cem ações durante a campanha eleitoral de 2006. Uma das atingidas pelas ações, a jornalista Alcinéia Cavalcante já deve mais de R$ 2 milhões em multas contra o blog que mantinha, aplicadas pelo Tribunal Regional Eleitoral (TRE). " Tive que tirar o blog do ar e fui abrindo outros. Claro, não tenho a menor condição de pagar este valor de multa", afirmou ela, que responde a 20 processos. Também jornalista, Antônio Correa Neto, que mantinha um blog na época, responde a 17 ações. "Parei de contar quanto devia quando passou de R$ 1 milhão. O que mais me surpreende é que ninguém pediu direito de resposta, simplesmente a multa foi aplicada". O assessor de imprensa de Sarney, Chico Mendonça, disse que as ações não foram patrocinadas pelo senador, mas pelo advogado da coligação que o elegeu, Fernando Aquino, que não respondeu aos telefonemas do Estado.
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Daniel Bramatti e Moacir Assunção

sábado, 21 de novembro de 2009

O ESTADO

Nas bancas, a partir deste domingo (22), o jornal O ESTADO - o atraso foi em virtude do feriado de sexta-feira. Nossa coluna NAVEGANDO NA VANGUARDA publica e comenta carta do professor Bruno Sá, que escreve de Belo Horizonte (MG). E tem também a estreia da companheira Rosa Rente com a página Gente é pra Brilhar.

quarta-feira, 18 de novembro de 2009

HELUANA E AS NOTÍCIAS DE SAMPA


"Ontem gravamos na Oi FM, na Rádio Ufscar, e tocamos também na UFSCAR - Universidade Federal de São Carlos. Hoje faremos entrevista para o portal Dynamite e amanhã teremos Descarga MTV e PlayTv. Amanhã temos também o show na Cinemateca. Mautner estará lá. Dia 21 teremos um show em São Caetano".
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Isso tudo é sobre a banda Mini Box Lunar (foto).

terça-feira, 17 de novembro de 2009

GIL SOBRE MAUTNER


Gilberto Gil
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Jorge Mautner é um homem. Forte como um rochedo, claro como a água, leve como o vento. Os fios elétricos, a bola de borracha, os buracos da flauta, a sola do sapato, as patas do mosquito, e o palito do meio do pirulito. Jorge Mautner pode ser qualquer coisa. Tudo. Claro que tudo é tudo e tudo e todo mundo é, diria você; mas Jorge realiza, em si, a caminhada para a consciência desse TUDO; e como ele brinca com as pedras do caminho.
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Jorge Mautner é uma criança distraída e tola. Sua tolice é como a lente potente do telescópio do Monte Palomar: traz as estrelas para perto, para dentro, para o centro do pensar. Pensar tolices de menino numa máquina de ampliar. Assim é como eu já ví Jorge Mautner, tantas vezes, a pensar. Ele é, não tenho dúvidas: ele é um menino distraído que nos pede para lhe ensinar. Um mestre.
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Ele é um mestre.
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"Desafinado" foi um manifesto da alma do homem da história daquele tempo - Brasil, anos 50. "Tropicalista" foi um manifesto da alma do homem da história daquele tempo - Brasil, anos 60. "Maracatu Atômico" é um manifesto da alma do homem da história deste tempo - Brasil, anos 70. 50, 60, 70, e assim por diante, caminho do corpo universal, o espírito de Deus.

segunda-feira, 16 de novembro de 2009

DOÇURA PSICODÉLICA


ROLLING STONE - Alex Antunes
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O acre não é mais o limite. Já testado e aprovado em festivais como Se Rasgum (PA) e Grito Rock (MT), o Mini Box Lunar, a mais recente surpresa musical "fora do eixo", vem de Macapá, capital do Amapá. O clima cabaré de "A Boca", o folk carnavalizado de "Amarelasse/ A Viola e o Pandeiro", a melancolia espacial de "Gregor Samsa", a sanfona e os delicados solos de cordas de "Sessão Vintage" são algumas das mais de 20 jujubas pop do sexteto, formado por quatro instrumentistas que se revezam nos instrumentos e duas vocalistas. Uma delas, Heluana, conta que eram duas duplas de compositores - ela e Otto e Jenifer "JJ" e Sady - que trocavam figurinhas enquanto tocavam violão nas madrugadas ou tramavam uma banda de cover dos Mutantes, Arnaldo Baptista e Secos & Molhados. "Coisa de corações partidos, drogas, falta de perspectivas...", tenta explicar JJ, sobre o surgimento da banda na cidade isolada pela selva e pelas águas e que apresenta o maior índice de suicídios entre as capitais. Mas a rebeldia local não se traduziu em barulho ou grosseria. "A banda gosta dessa beleza quase infantil, sem pretensão", fala Alexandre, que completa a formação com Taiguara.Na verdade, Macapá possui uma cena pequena, em que todos se conhecem - o tecladista Otto e o baterista Taiguara tocam com uma dezena de bandas locais ("mini box" é o nome local para designar os mercadinhos de bairro). Nessa terra ilhada cheia de gente que vem de longe (JJ é de Salvador, Alexandre de Brasília, Taiguara e Sady de Belém, Otto do interior do Pará - só Heluana nasceu no Amapá), a lenta destilação de rock e MPB resultou em uma doçura psicodélica e tipicamente amazônica. "É a viagem da canção que surge do interstício da melodia e da palavra", descreve Heluana, citando outro Arnaldo - o Antunes.
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Reportagem publicada na edição 31 - 6/04/2009 - da revista Rolling Stone / Foto: Alexandre Brito

ENSAIO GERAL NO ESPAÇO ABERTO

Nas tardes de sábado, a partir de 5 de dezembro, iniciando sempre às 15h, no ESPAÇO ABERTO - Avenida Tupis, esquina com a Rua Jovino Dinoá (bem pertinho do Sesc Araxá), ensaio do show-manifesto Tropicália na Linha do Equador. O bar do ESPAÇO ABERTO vai funcionar com bebidas básicas e tiragostos, regado a Música Popular Brasileira, sobretudo dos anos 1960/70. É o ensaio do show-manifesto, que será realizado no dia 8 de dezembro (Dia de Nossa Senhora da Conceição e Yemanjá), no Sesc Centro. Convidamos você, argonauta, que tem esse espírito tropicalista e ama a MPB. No intervalo haverá debate sobre a Cultura do Brasil e exibição do filme DEMIURGO (Jorge Mautner).
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Entrada franca. Venha!

GILVAN SERÁ JULGADO 5ª FEIRA PELO STF


Eduardo Neves
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O Supremo Tribunal Federal (STF), julga nesta quinta-feira, 19, abertura do inquérito nº 2674, referente à acusação de denunciação caluniosa contra o Senador Gilvan Borges (PMDB/AP), por ter acusado levianamente o ex-governador, João Alberto Capiberibe (PSB/AP), de ter sacado R$380 milhões dos cofres do governo do Estado do Amapá, em 2002, quando deixou o governo.
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A acusação foi usada pelo senador Gilvan Borges, como instrumento de difamação, injúria e calúnia, além, de ter subsidiado denúncia no processo de cassação do ex-senador Capiberibe, acusado de comprar dois votos parcelados no valor de R$26, na eleição de 2002. “Ele atribuiu a esse dinheiro, que foi usado para comprar os votos na eleição pro senado”, relatou no processo, o advogado de acusação de Capiberibe.
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A mesma denúncia foi julgada pela justiça do Estado do Amapá, em 2008, quando considerou improcedente a acusação de Gilvan contra Capiberibe. Visto que os fatos não foram comprovados e o juiz inocentou o ex-senador de maneira cabal.
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A decisão foi anexada ao processo que corre contra o senador Gilvan, por denunciação caluniosa e também ao recurso eleitoral que encontra-se pendente no STF e que cassou o mandato do senador João Capiberibe e da deputada federal Janete Capiberibe, por compravar que o argumento utilizado no processo de cassação foi uma farsa.
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No dia 1º de janeiro de 2008, Capiberibe entrou no STF, com o pedido de abertura de inquérito por denunciação caluniosa. O parecer do procurador geral da república é favorável a abertura de inquérito contra o senador Gilvan Borges. O relator do caso é o ministro do STF, Carlos Ayres Britto.
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Além desse processo, o senador Gilvan Borges, enfrenta ainda no STF, a acusação de crime de difamação e injúria qualificada por racismo, proposta pelo jornalista João Silva. Em parecer assinado no último dia 20 de junho pelo ex-Procurador-Geral da República, Antonio Fernando Barros e Silva de Souza, o Ministério Público Federal deu parecer pela aceitação da denúncia.

domingo, 15 de novembro de 2009

RESULTADO DA IV MOSTRA SESCANTA AMAPÁ

A banda pop Yes Banana ganhou da banda clássica Amazon Music. Tomate-te!

JORNALISMO VERDADE


O jornalista Emanoel Reis me liga para confirmar que o jornal O ESTADO agora vai circular pra valer, semanalmente, a partir da próxima sexta-feira (20). E a nave NAVEGANDO NA VANGUARDA vai continuar sobrevoando o meio do mundo e mandando ver - porque é preciso mandar - a cultura desse lugar, de pouca diversão, para o alto. O semanário O ESTADO vai ganhar mais conteúdo porque vai ter novas cabeças para somar com as nossas (desculpe a falta de modéstia) e fazer a verdade prevalecer no meio desse mar de águas turvas de tantas mentiras. Aliás, o jornalismo verdade que tomou, lamentavelmente, um chá de sumiço daqui. Aguarde que sexta-feira estaremos cedo nas bancas. Até lá!

sexta-feira, 13 de novembro de 2009

O RISCADO CHEIO DE GRAÇA DO J. BOSCO


QUE PRECONCEITO QUE NADA!


O presidente Lula apareceu ontem no Jornal da Globo citando Sigmund Freud. Que preconceito que nada, manda mais, Caetano, manda mais!

QUEBRAMAR E SESCANTA AMAPÁ

Banner da 1ª edição do Festival Quebramar de Música Indepedente
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Palmas para as iniciativas do Coletivo Palafita e SESC Amapá, que realizaram, respectivamente, a 2ª edição do Festival Quebramar de Música Independente e a IV Mostra Sescanta Amapá, salvando a Semana da Cultura (5 de novembro foi o dia nacional).
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O Sescanta Amapá elege nesta sexta-feira (13) a canção popular que vai representar o Amapá no FEMUCIC (Maringá/PR).
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O Coletivo Palafita, além das atrações locais, trouxe bandas de rock do Pará, Rondônia e Roraima e, em grande estilo e decibéis, fechou o festival com a banda paulistana Ratos de Porão. Trouxe ainda o jornalista Alex Antunes, da revista Rolling Stone (ele participou do júri que elegeu as 100 maiores músicas brasileiras de todos os tempos – capa da edição de outubro da revista). Alex – com quem conversei – fez excelente palestra sobre a música brasileira, “que tem, incontestavelmente, o maior legado nos anos 1960”. O jornalista, que veio também com a missão de escrever sobre o Quebramar para a Rolling Stone (sai na edição deste mês), confidenciou-me que gosta muito da banda amapaense Mini Box Lunar e vai produzir show em São Paulo, onde pretende reunir, no mesmo palco, os meninos e meninas da banda com o pré-tropicalista Jorge Mautner – o compositor de “Maracatu Atômico”.

quinta-feira, 12 de novembro de 2009

MARINA AGRADECE O APOIO DE CAETANO


Marina Silva evitou entrar na polêmica. Só agradeceu o apoio de Caetano à sua candidatura. "Isso mais do que agrega, congrega. Quero registrar meu agradecimento pela avaliação positiva que Caetano faz do que ele considera minhas qualidades", disse. "Quanto às opiniões dele que envolvem outras pessoas, não gostaria de discuti-las".

terça-feira, 10 de novembro de 2009

A CARTA DE CAETANO

AE - Agencia Estado
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Em entrevista a Sonia Racy, no Caderno 2 do Estado, no último dia 2, o compositor Caetano Veloso se referiu ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva com expressões como “analfabeto”, “cafona” e “grosseiro” ao anunciar preferência pela eventual candidatura da senadora Marina Silva (PV-AC) à Presidência. “Não posso deixar de votar nela. É por demais forte, simbolicamente, para eu não me abalar. Marina é Lula e é Obama ao mesmo tempo. Ela é meio preta, é cabocla, é inteligente como o Obama, não é analfabeta como o Lula, que não sabe falar, é cafona falando, grosseiro. Ela fala bem”, disse na entrevista.
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A declaração provocou reações no meio político. Na última sexta-feira, o próprio Lula reagiu: “Tem gente que acha que a inteligência está ligada à quantidade de anos de escolaridade que você tem. Não tem nada mais burro do que isso”. Leia abaixo a que o cantor enviou à redação:
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“O que mais me impressiona é as pessoas reagirem diante da manchete do jornal, tal como ela foi armada para criar briga, sem sequer parecerem ter lido o trecho da entrevista de onde ela foi tirada. É um país de analfabetos? A intenção sensacionalista da edição tem êxito inconteste com os leitores. Pobres de nós.
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Sonia Racy sabe que eu ressaltei essa diferença entre Lula e Marina para explicar porque eu dizia que ela é também um fenômeno tipo Obama (coisa que Racy e Nelson Motta não entenderam). Marina é Lula (a biografia) e é Obama (a cor escura e o modo elegante e correto de falar - e escrever). Li aqui que Lula disse que é burrice minha dizer isso. É. Serve para Berzoini contar alegremente votos migrando de Serra ou Aécio para Marina, não de Dilma.
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Ainda mais que toca nesse ponto óbvio (que para mim tem todas as vantagens e desvantagens, não sendo um aspecto meramente negativo) da fala pouco instruída e frequentemente grosseira e cafona de Lula. Todos sabem disso. Ele próprio se vangloria. Os linguistas aplaudem. E todos têm razão: ele é forte inclusive por isso. Fala “bem”: atinge a maioria dos ouvintes.
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Sua fala tem competência - e ele, como eu próprio disse na entrevista, é um governante importante. Mundialmente está reconhecido como alguém que chegou lá e foi além do esperado. Quisera Obama estar na mesma situação. Querer dizer que FH era mau governante e Lula é bom é maluquice. Ambos foram conquistas brasileiras importantes. Marina seria um passo à frente. Simbolicamente ao menos.
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Não creio que ela seria um entrave às pesquisas de células-tronco e à união civil de homossexuais. Se for, eu estarei aqui para me opor a ela. Aborto, união gay, embriões são matéria do Legislativo. O executivo pode influir? Pode. Mas Marina seria uma presidente do tipo autoritário? Não creio. Criacionismo? Ela jamais cairia na confusão de ensino religioso com ensino científico. Ela é racional, atenta, dialoga com calma. Todos esses assuntos podemos debater com ela como com ninguém: ao menos estaremos certos de que ela não será hipócrita.
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Se houver candidatura e campanha, teremos tempo para isso. Não penso tanto como Marina sobre a Amazônia. Penso mais como Mangabeira. Já disse. Mas forças políticas surgem assim. Marina chegar a ser candidata é notícia grande. Não posso fingir que não é. E detesto essa mania de que nada se pode dizer que não seja adulação a Lula. Não estamos na União Soviética. Eu não disse nenhuma novidade. Nem considero ofensivo. É descritivo. E a motivação era esclarecer a parecença de Marina com Obama (que me interessa muito). E todos os entendidos me dizem que os banqueiros estão com medo é de Serra: adoram Lula.
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Então por que a demagogia de dizer que FH era pelos de poder aquisitivo? Até os programas sociais que Lula desenvolveu nasceram no governo FH. O Fome Zero naufragou. Eles se voltaram, espertamente (e felizmente), para o Bolsa-Escola de dona Ruth. Eu ter mencionado a fala analfabeta de Lula não é bom para a campanha de Marina. Mas ainda não estamos em campanha. Eu acho.”

CAETANO EXPLICA FALA SOBRE LULA

AE - Agencia Estado

SÃO PAULO - O cantor e compositor Caetano Veloso explicou, em carta encaminhada ao jornal O Estado de S. Paulo, suas declarações sobre o presidente Luiz Inácio Lula da Silva.
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Em entrevista publicada na quinta-feira, Caetano se referiu ao presidente com expressões como "analfabeto", "cafona" e "grosseiro" ao anunciar preferência pela eventual candidatura da senadora Marina Silva (PV-AC) à Presidência. "Sonia Racy (a autora da entrevista) sabe que eu ressaltei essa diferença entre Lula e Marina para explicar por que eu dizia que ela é também um fenômeno tipo Obama (presidente dos EUA, Barack Obama). Marina é Lula - a biografia - e é Obama - a cor escura e o modo elegante e correto de falar e escrever."
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Na entrevista publicada na semana passada, Caetano afirmou que "Marina é Lula e é Obama ao mesmo tempo". "Ela é meio preta, é cabocla, é inteligente como o Obama, não é analfabeta como o Lula, que não sabe falar, é cafona falando, grosseiro. Ela fala bem."
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Já na carta publicada na edição de hoje, o cantor mencionou "armação" e "sensacionalismo" . "O que mais me impressiona é as pessoas reagirem diante da manchete do jornal, tal como ela foi armada para criar briga, sem sequer parecerem ter lido o trecho da entrevista de onde ela foi tirada. É um país de analfabetos? A intenção sensacionalista da edição tem êxito inconteste com os leitores", afirmou.O artista fez questão de ressaltar a "importância" do presidente Lula no cenário mundial e rechaçou comparação entre o governo do petista com o do ex-presidente Fernando Henrique Cardoso (PSDB). "Mundialmente (Lula) está reconhecido como alguém que chegou lá e foi além do esperado. Quisera Obama estar na mesma situação", afirmou.
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"Querer dizer que FH era mau governante e Lula é bom é maluquice. Ambos foram conquistas brasileiras importantes."

LULA FAZ POLÍTICA CULTA E COM ARTE

José Celso Martinez Corrêa
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No mesmo dia em que Caetano fazia sua entrevista de capa, muito bela como sempre, no Caderno 2 do Estadão, o Ministro Ecologista Juca Ferreira publicava uma matéria na Folha na seção Debates. Um texto extraordinariamente bem escrito em torno da cultura, como estratégia, iniciada no 1º Governo de Lula ao nomear corajosa e muito sabiamente Gilberto Gil como Ministro da Cultura e hoje consolidada na gestão atual do Ministro Juca.
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Hoje temos pela primeira vez na nossa história um corpo concreto de potencialização da cultura brazyleira: o Ministério da Cultura, e isso seu atual Ministro soube muito bem fazer, um CQD em seu texto.
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Por outro lado, meu adorado Poeta Caetano, como sempre, me surpreendeu na sua interpretação de Lula como analfabeto, de fala cafajeste, abrindo seu voto para Marina Silva.
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Nós temos muitas vezes interpretações até gêmeas, mas acho caetanamente bonito nestes tempos de invenção da democracia brazyleira, que surjam perspectivas opostas, mesmo dentro deste movimento que acredito que pulsa mais forte que nunca no mundo todo, a Tropicália.
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Percebi isso ao prefaciar a tradução em português crioulo = brazyleiro do melhor livro, na minha perspectiva, claro, escrito sobre a Tropicália: Brutality Garden, Jardim Brutalidade, de Chris Dunn, professor de literatura Brazyleira, na Tulane University de New Orleans.
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Acho, diferentemente de Caetano, que temos em Lula o primeiro presidente antropófago brazyleiro, aliás Lula é nascido em Caetés, nas regiões onde foi devorado por índios analfabetos o Bispo Sardinha que, segundo o poeta maior da Tropicália, Oswald de Andrade, é a gênese da história do Brazil. Não é o quadro de Pedro Américo com a 1ª Missa a imagem fundadora de nossa nação, mas a da devoração que ninguém ainda conseguiu pintar.
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Lula começou por surpreender a todos quando, passando por cima das pressões da política cultural da esquerda ressentida, prometeica, nomeou o Antropófago Gilberto Gil para Ministro da Cultura e Celso Amorim, que era macaca de Emilinha Borba, para o Ministério das Relações Exteriores, Marina Silva para o Meio Ambiente e tanta gente que tem conquistado vitórias, avanços para o Brasil, pelo exercício de seu poder-phoder humano, mais que humano.
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Phoderes que têm de sambar pra driblar a máquina perversa oligárquica, podre, do Estado brasileiro. Um estado oligárquico de fato, dentro de um Estado Republicano ainda não conquistado para a "res pública". Tudo dentro de um futebol democrático admirável de cintura. Lula não pára de carnavalizar, de antropofagiar, pro País não parar de sambar, usando as próprias oligarquias.
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Lula tem phala e sabedoria carnavalesca nas artérias, tem dado entrevistas maravilhosas, onde inverte, carnavaliza totalmente o senso comum do rebanho. Por exemplo, quando convoca os jornalistas da Folha de S. Paulo a desobedecer seus editores e ouvir, transmitindo ao vivo a phala do povo. A interpretação da editoria é a do jornal e não a da liberdade do jornalista. Aí , quando liberta o jornalista da submissão ao dono do jornal, é acusado de ser contra a liberdade de expressão. Brilha Maquiavel, quando aceita aliança com Judas, como Dionísios que casa-se com a própria responsável por seu assassinato como Minotauro, Ariadne. É realmente um transformador do Tabu em Totem e de uma eloquência amor-humor tão bela quanto a do próprio Caetano.
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Essa sabedoria filosófica reflete-se na revolução cultural internacional que Lula criou com Celso Amorim e Gil, para a política internacional. O Brasil inaugurou uma política de solidariedade internacional. Não aceita a lógica da vendetta, da ameaça, da retaliação. Propõe o diálogo com todos os diabos, santos, mortais, tendo certa ojeriza pelos filisteus como ele mesmo diz. Adoro ouvir Lula falar, principalmente em direto com o público como num teatro grego. É um de nossos maiores atores. Mais que alfabetizado na batucada da vida, lula é um intérprete dela: a vida, o que é muito mais importante que o letrismo. Quantos eruditos analfabetos não sabem ler os fenômenos da escrita viva do mundo diante de seus olhos?
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Eu abro meu voto para a linha que vem de Getúlio, de Brizola, de Lula: Dilma, apesar de achar que está marcando em não enxergar, nisto se parece com Caetano, a importância do Ministério da Cultura no Governo Lula. Nos 5 dedos da mão em que aponta suas metas, precisa saber mais das coisas, e incluir o binômio Cultura & Educação.
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Quanto a Marina Silva, quando eu soube que se diz criacionista, portanto contra a descriminalização do aborto e da pesquisa com células-tronco, pobre de mim, chumbado por um enfarte grave, sonhando com um coração novo, deixei de sequer imaginar votar nela. Fiz até uma cena na Estrela Brasyleira a Vagar - Cacilda!! para uma personagem, de uma atriz jovem contemporânea que quer encarnar Cacilda Becker hoje, defendendo este programa tétrico.
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Gosto muito de Dilma, como de Caetano, onde vou além do amar, vou pra Adoração, a Santa adorada dos deuses. Acho a afetividade a categoria política mais importante desta era de mudanças. "Amor Ordem e Progresso. "O amor guilhotinado de nossa bandeira virou um lema Carandiru: Ordem e Progresso, só.
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Apreendi no livro de Chris Dunn que os americanos chamam esta categoria de laços homossociais, sem conotação direta com o homoerotismo, e sim com o amor a coisas comuns a todos, como a sagração da natureza, a liberdade e a paixão pelo amor energia, santíssima eletricidade. Sinto que nessas duas pessoas de que gosto muito, Caetano e Dilma, as fichas da importância cultural estratégica, concreta, da Arte e da Cultura, do governo Lula, ainda não caíram.
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A própria pessoa de Lula é culta, apesar de não gostar, ainda, de ler. Acho que quando tiver férias da Presidência vai dedicar-se a estudar e apreender mais do que já sabe em muitas línguas. Até hoje ele não pisou no Oficina. Desejo muito ter este maravilhoso ator vendo nossos espetáculos. Lula chega à hierarquia máxima do teatro, a que corresponde ao papa no catolicismo: o palhaço. Tem a extrema sabedoria de saber rir de si mesmo. Lula é um escândalo permanente para a mente moralista do rebanho. Um cultivador da vida, muito sabido, esperto. Não é à toa que Obama o considera o político mais popular do mundo.
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Caetano vai de Marina, eu vou de Dilma. Sei que como Lula ela também sente a poesia de Caetano, como todos nós, pois vem tocada pelo valor da criação divina dos brazyleiros. Essa "estasia", Amor-Humor, na Arte, que resulta em sabedoria de viver do brasileiro: Vida de Artista. Não há melhor coisa que exista!Lula faz política culta e com arte. Sabe que a cultura de sobrevivência do povo brasileiro não é super, é infra estrutura. Caetano sabe disso, é uma imensa raiz antenada no rizoma da cultura atual brazyleira renascente de novo, dentro de nós todos mestiços brazyleiros. Fico grato a Caetano ter me proporcionado expor assim tudo que eu sinto do que estamos vivendo aqui agora no Brasil, que hoje é um país de poesia de exportação como sonhava Oswald de Andrade, que no Pau Brasil, o livro mais sofisticado, sem igual brazyleiro canta:
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"Vício na fala
Pra dizerem milho dizem mio
Pra melhor, dizem mió
Para telha, dizem teia
Para telhado, dizem teiado
E vão fazendo telhado"
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SamPã, 6 de novembro, sob o signo de escorpião, sexo da cabeça aos pés, minha Lua de Ariano, evoéros!
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Fonte: O Estado de S.Paulo

segunda-feira, 9 de novembro de 2009

PATRULHARAM CAETANO, DE NOVO

Sérgio Malbergier

20 anos depois da queda do Muro de Berlim, a esquerda volta a patrulhar Caetano Veloso.
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Se na ditadura lhe cobravam posição, agora o atacam por tê-la.
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Caetano revelou-se dos poucos machos políticos dessa era Super Lula. Na semana passada, corajoso, chamou Lula de "analfabeto" e "grosseiro" após ser questionado sobre as eleições presidenciais de 2010:
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"Pode botar aí. Não posso deixar de votar nela [Marina Silva]. É por demais forte, simbolicamente, para eu não me abalar. Marina é Lula e é Obama ao mesmo tempo. Ela é meio preta, é uma cabocla, é inteligente como o Obama, não é analfabeta como o Lula que não sabe falar, é cafona falando, grosseiro."
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No, digamos, subperonismo que nos encontramos, são raros os políticos que questionam Lula e seus 70%. Os artistas, então, viciados em Petrobras, Eletrobrás, isenções fiscais e vales culturais, ou se calam ou bajulam. Só sobrou a imprensa independente, que por isso é acusada de partidária, e Caetano Veloso.
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Mas Lula não aceita (mais) desaforo. Do pedestal que a história lhe ergueu, acima de tudo e todos, parte sempre para o ataque.
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Falando em festa do PC do B em São Paulo, no mesmo discurso em que comparou táticas do PSDB às de Hitler, Lula, o aliado de Ahmadinejad, disparou contra Caetano:
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"Tem gente que acha que a inteligência está ligada à quantidade de anos de escolaridade que você teve. Não tem nada mais burro que isso. A universidade te dá conhecimento. Inteligência é outra coisa", disse o petista, acrescentando, com o seu tom cada vez mais vingador do futuro: "Quem diz o que quer ouve o que não quer".
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Mas Caetano, que não disse o que Lula disse que ele disse, não se intimidou. Respondeu ao presidente, com elegância, um dia depois, em show em São Paulo.
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Disse à plateia que a semana havia sido marcada pela morte de duas grandes personalidades, Neguinho do Samba, fundador do Olodum, e o antropólogo judeu-francês Claude Lévi-Strauss.
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Disse que, apesar de todos os títulos e cadeiras acadêmicas de Lévi-Strauss, Neguinho do Samba, sem quase estudo, foi mais importante para ele e tanta gente brasileira por ter inventado a seminal batida do Olodum, depois espalhada por Paul Simon e Michael Jackson.
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(Aproveitou ainda para reclamar, com razão, que ninguém da imprensa o ligou para falar de Neguinho do Samba, enquanto foi muito procurado para comentar sobre o antropólogo. Pelo menos a crítica à imprensa o une a Lula.)
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A música é a grande arte do Brasil, e a mais popular, tanto na fonte criadora como no consumo.
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Caetano é o mais inventivo de nossos músicos vivos, o mais inquieto, inteligente, corajoso. Devemos ouvi-lo, agora roqueiro, com um power trio de sonoridade máxima.
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Seu show está muito bem calibrado, com revisitas marcantes a clássicos como "Irene", "Não Identificado", "Maria Bethânia". Que me fizeram lembrar que Caetano poderia ter talvez reivindicado, como muitos dos patrulheiros petistas, uma Bolsa Ditadura por ter se exilado em Londres na ditadura militar, em pleno sucesso.
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Mas o genial Caetano quer cantar, quer opinar. E seu espírito inquieto bate de frente com esse quase autoritarismo popular.
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O rolo compressor lulista está pronto para esmagar toda voz dissonante que questione o governo, seus feitos, seus planos e sua retórica. Os políticos estão com medo, calados, o povo, extasiado com os carros e lavadoras no crediário.
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Mas Caetano falou. E foi aplaudido de pé em Moema.
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Por isso ele canta, não pode parar.
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Sérgio Malbergier é editor do caderno Dinheiro da Folha de S. Paulo. Foi editor do caderno Mundo (2000-2004), correspondente em Londres (1994) e enviado especial a países como Iraque, Israel e Venezuela, entre outros. Dirigiu dois curta-metragens, "A Árvore" (1986) e "Carô no Inferno" (1987). Escreve para a Folha Online às quintas.

POLÊMICA ENTREVISTA

Ciro duvida que Caetano tenha sido grosseiro sobre Lula

CARMEN POMPEU - Agencia Estado

FORTALEZA - O deputado federal Ciro Gomes (PSB-SP) disse hoje, em Fortaleza, duvidar que o cantor e compositor Caetano Veloso tenha dito "grosserias" contra o presidente Luiz Inácio Lula da Silva. "Acho que o Caetano é uma pessoa que sempre terá dito coisas muito interessantes para se ouvir e para se pensar. Por isso, eu duvido que ele tenha dito assim como você está me repetindo", afirmou Ciro ao ser perguntado sobre o que achava do artista baiano ter falado em entrevista ao jornal O Estado de S. Paulo que "Marina não é analfabeta como o Lula, que não sabe falar, é cafona falando, grosseiro".

"Caetano sempre foi polêmico. Mas o que ele não é e nem nunca foi é uma pessoa grosseira", afirmou Ciro, depois de proferir palestra no IV Seminário da Secretaria Especial dos Portos. Ele se ausentou da mesa logo depois de ter sido anunciado pelo cerimonialista do evento. Na volta, desculpou-se informando que fora atender um telefonema do presidente Lula. "Hoje é meu aniversário e ele (Lula) me ligou para me dar parabéns", disse Ciro, que ganhou bolo e soprou velinhas pelos seus 52 anos.

sexta-feira, 6 de novembro de 2009

ROCK NAS MURALHAS DA FORTALEZA


O Festival Quebramar de Música Independente chega à sua 2º edição como o 5º festival mais promissor do país – de acordo com a revista BRAVO! (maio/2009) -, não à toa.
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A 1º edição, em 2008, foi realizada gratuitamente na Universidade Federal do Amapá (Unifap) em duas noites, trazendo nomes consagrados do rock nacional como a banda alagoana Mopho e a cuiabana Macaco Bong.
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Promover a valorização da região Norte é uma preocupação constante, por isto, estiveram presentes bandas como a Klethus (RR), Turbo (PA), Aeroplano (PA), Clube de Vanguarda Celestial, Jolly Joker (PA) e vários nomes locais.
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Este ano o Festival Quebramar terá o privilégio de ocorrer em frente ao Rio Amazonas, no anfiteatro do patrimônio histórico do Brasil, que é a maior fortificação colonial dos portugueses: a Fortaleza de São José de Macapá. Tal qual ao ano passado, a bilheteria dos shows será aberta ao público.
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Pela tarde, durante os dois dias de festival, acontecerá no auditório da Fortaleza de São José as palestras “Jornalismo cultural: uma contradição em termos?” e “A reinvenção do Brasil: emergência cultural da região norte”, com o jornalista Alex Antunes, e “Arranjos produtivos locais na economia da cultura”, com o cientista social Marcus Vinícius Nogueira.
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A região Norte se mantém presente através das bandas Delinqüentes (PA), Sincera (PA), Mr. Jungle (RR) e Ultimato (RO), além de treze locais.
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No primeiro dia o Facas Voadoras (MS), banda que desponta na nova cena do rock independente, sobe ao palco e encerrando a noite o rapper Linha Dura (MT), um dos maiores do país. No segundo dia é a consagrada banda de trash metal Ratos de Porão (SP) que fecha a última noite de festival.
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RATOS DE PORÃO NO QUEBRAMAR


Jennifer Nunes
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Falar sobre os Ratos de Porão, banda paulistana que nos anos 80 surgiu meio ao movimento punk, é complicado, porque parece desnecessário.
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O legado deles é tão grande que – quem nunca viu!? – aquela blusa preta desgastada com um rato feio, brincar de pira por ai, vestindo o corpo puberoso de rockeirinhos empolgados, da malacagem e até de alguns tiozões por aí. Podem até nunca ter ouvido, mas todos sabem que é sinônimo de rock. E dos paulera.
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Com o João Gordo quase desde o início da banda (ele entrou em 1983), muitos os conhecem pelo dito cujo vocal ser apresentador da MTV, e por isto – além do fato de terem absolvido o trash metal ao som da banda -, há quem diga que eles “traíram o movimento”.
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Lorotas a parte, em 2006 e 2007 foi gravado um documentário chamado Guidable – A Verdadeira História do Ratos de Porão, com entrevistas e vídeos antigos desses quase 30 anos de carreira, mostrando do lado junkie até o recente vegetarianismo dos integrantes.
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É muita história para ser contada e pouco tempo para fazê-lo. Mas uma coisa é certa: todos poderão descontar o atraso e ganhar um merecido torcicolo nesse 7 de novembro, pois eles estarão lá, fechando com chave de ouro o último dia do Festival Quebramar. Quem vai perder essa?

SITE DO FESTIVAL QUEBRAMAR

Jacqueline Brito
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Já está no ar o novo site do 2º Festival Quebramar - edição 2009! Considerado o 5º Festival mais promissor do país, de acordo com a revista Bravo! (maio/2009), o Festival Quebramar nos brinda com uma página Web repleta de informações e um visual de encher os olhos! Para aqueles que querem conhecer as bandas participantes, o site trás conteúdo detalhado, em uma sessão particular, como os estilos que cada banda toca, influências musicais e processo criativo, além da programação completa do Festival, agenda de atividades paralelas e nosso contato. O Design é da autoria do talentoso Rômulo Ramos e com conteúdo escrito pelo Palafita Comunicação.
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O site: www.festivalquebramar.com.br

quinta-feira, 5 de novembro de 2009

AQUI PRA VOCÊS!


Hoje é o Dia Nacional da Cultura. Em Macapá não há nada o que comemorar. Mas, apesar dos pesares, vamos celebrar cantando, porque, no entanto, é preciso cantar...

COMIDA
Arnaldo Antunes / Marcelo Fromer / Sérgio Britto

Bebida é água
Comida é pasto
Você tem sede de que?
Você tem fome de que?...

A gente não quer só comida
A gente quer comida
Diversão e arte
A gente não quer só comida
A gente quer saída
Para qualquer parte...
A gente não quer só comida
A gente quer bebida
Diversão, balé
A gente não quer só comida
A gente quer a vida
Como a vida quer...

Bebida é água
Comida é pasto
Você tem sede de que?
Você tem fome de que?...

A gente não quer só comer
A gente quer comer
E quer fazer amor
A gente não quer só comer
A gente quer prazer
Pra aliviar a dor...

A gente não quer só dinheiro
A gente quer dinheiro
E felicidade
A gente não quer só dinheiro
A gente quer inteiro
E não pela metade...

Bebida é água
Comida é pasto
Você tem sede de que?
Você tem fome de que?...

A gente não quer só comida
A gente quer comida
Diversão e arte
A gente não quer só comida
A gente quer saída
Para qualquer parte...

A gente não quer só comida
A gente quer bebida
Diversão, balé
A gente não quer só comida
A gente quer a vida
Como a vida quer...

A gente não quer só comer
A gente quer comer
E quer fazer amor
A gente não quer só comer
A gente quer prazer
Pra aliviar a dor...

A gente não quer só dinheiro
A gente quer dinheiro
E felicidade
A gente não quer só dinheiro
A gente quer inteiro
E não pela metade...

Diversão e arte
Para qualquer parte
Diversão, balé
Como a vida quer
Desejo, necessidade, vontade
Necessidade, desejo, eh
Necessidade, vontade, eh
Necessidade...

BICHO PAPÃO DA NOVA REPÚBLICA


A imagem da capa do livro do Palmério Dória faz medo às crianças. Tava com ela na tela do meu computador pra pôr como ilustração - muito a contragosto – nesta página, quando irrompeu do quarto, deixando de lado os brinquedos, o meu filhinho Glauber Caetano: “Bicho, ó... bicho!”. Quando ele crescer o susto vai ser maior ao saber das histórias escabrosas aprontadas no Brasil por esse bicho papão da Nova República.

AFASTA DE MIM ESSE LIVRO MALDITO!

Antes mesmo do lançamento, Honoráveis Bandidos já está sendo apelidado em Macapá de Atos Satânicos, num trocadilho com os “atos secretos” e em paródia ao título do livro daquele escritor iraniano - Salman Rushdie - amaldiçoado pelo Aiatolá Khomeini.
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E aqui no meio do mundo não vai ser muito diferente, não. As congregações de bundas-mole da seita Sa-Saraminda já estão iradas com o livro e, como não podem levá-lo à fogueira como nos tempos da Santa Inquisição, com suas cruzes folheadas de dindins estão exorcizando ele assim: “Afasta de mim esse livro maldito!”.

O BRASIL DA PILANTRAGEM EM LIVRO

O livro Honoráveis Bandidos - um retrato do Brasil na era Sarney (Geração Editorial), será lançado em Macapá com a presença do autor Palmério Dória.
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O evento, promovido pela Livraria Amapaense, acontece nesta sexta-feira (6), às 19h, no restaurante da Celina - Av. Antonio Coelho de Carvalho, esquina com Hamilton Silva, bem ao lado do Ibama.
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Palmério Dória tem 53 anos, é paraense nascido em Santarém e criado em Belém, foi chefe de reportagem na Rede Globo, nos jornais Folha de S. Paulo e Estado de São Paulo.
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Por requerimento do deputado Camilo Capiberibe, Palmério foi agraciado com um Voto de Congratulação na Assembléia Legislativa, aprovado no dia 27 de outubro último, por unanimidade.
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"É a primeira vez que o mercado editorial receberá um livro com toda a história secreta do surgimento, enriquecimento e tomada do poder regional da família Sarney no Maranhão e o controle quase total, do Senado, pelo patriarca que virou presidente da República por acidente, transformou um Estado no quintal de sua casa e ainda beneficiou amigos e parentes. Um livro arrasador, na mesma linha de 'Memórias das trevas – uma devassa na vida do senador Antonio Carlos Magalhães', do jornalista João Carlos Teixeira Gomes, também da mesma editora, e que na época do lançamento contribuiu para a queda do poderoso coronel da política baiana. Um best seller que ficou semanas nas listas dos mais vendidos".
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O livro já está à venda na Livraria Amapaense - Av. Presidente Getúlio Vargas, 271.

LEILA DINIZ, EU TE AMO!


TODAS AS MULHERES DO MUNDO Nº 2

Letra:
Aroldo Pedrosa
Música:
Cléverson Baía

E Deus criou a mulher...
E a mulher por outro lado,
Pra tornar a vida mais interessante, fez o pecado.
E vieram todas as mulheres do mundo.

Depois de Eva...
Rebeca, Sara, Dalila, Naomi Campbell
Cleópatra, Joana d’Arc
Madre Teresa de Calcutá, Michelle Pfeiffer
Todas as mulheres, indistintamente
Da submissa à guerrilheira
De Santa Clara a Sharon Stone
E vieram pra vida
Ayda, Morena, Dandara, Ciranda
Yasmin, Janaína, Samara e Clara Ohana
E tomou-nos da costela, soprando-lhe nas narinas
Veja que coisa mais bela:
Maria Luisa Mendonça, Luma, Luana, Anouk Aimé
Vera Fischer, Nastassja Kinski
Maitê, Luíza Brunet
O sorriso de Mona Lisa
A pureza de Maria
De irmã Dulce, a claridade
Mulheres absolutamente lindas
Olga Benario, Janete, Marina, Benedita da Silva
Sônia Braga e Malu Mader
Mulheres cujas vontades não cabem à psicanálise
Billie Holiday, Evita, Hilda-Arósio
Madonna, Maria Bonita
Dona Beja, Pagu, Luz del Fuego
Carlota Joaquina, Xica da Silva
As mulheres de Atenas
Penélope, Helena
As d’A Rosa de Hiroshima
As mães da Praça de Maio
As nativas de Andaluzia
As mulheres guaranis
Todas as mulheres do mundo...
Cacilda Becker, Kim Basinger
Clarice Lispector, Yoko Ono
Gisele Bündechen, Dercy Gonçalves
Danielle Mitterrand, Edith Piaf
Do mundo…
Cláudia Lessin Rodrigues
Cássia Eller, Aracely, Zuzu Angel
Do mundo...
Rose Marie, Simone de Beauvoir
Rosa Luxemburgo

Todas na mesma canção
Todas na mesma canção

Carmem Miranda, Indira Gandhi
Jackelline Kennedy, Lady Diana
Os olhos de Liz
Os lábios de Júlia
Os seios de Anabela
Os pés de Nádia e as mãos...
As mãos de Margareth Thatcher
Todas numa só constelação
Maria Callas, Chiquinha Gonzaga
Cora Coralina, Clementina de Jesus
Janis Joplin, Rita Lee, Elza Soares
Ângela Maria, Bidu Sayão
Tarsila, Helô, Anitas e Glórias
Elis e Nara Leão

Todas as mulheres do mundo
Todas no meu coração
Todas as mulheres do mundo
Todas na minha canção

Olívia Byington, Nana Caymmi
Zizi Possi, Joyce, Jane Duboc
Ithamara Koorax, Florinda Bolkan
Adriana Calcanhoto, Marisa Monte
Gal, Bethânia, Maysa, Dolores Duran
Marilyn, Marta, Brigitte, Gabi
Fernanda Montenegro e Cindy Crowford
Greta Garbo, Ava Gardner, Ítala Nandi
Mãe Luzia e Dona Canô...

Ai, minha mãe/ Minha mãe Meninha...

Mãe Luzia e Dona Canô...

Todas as mulheres do mundo
Todas no meu coração
Todas as mulheres do mundo
Todas na minha canção


Leila Diniz...
Todas as mulheres do mundo
Vem fazer de mim teu céu, teu oceano
Ensina-me a ser feliz...

Leila Diniz, eu te amo!
Leila Diniz, eu te amo!

E Deus criou a mulher...

VIVA LEILA DINIZ!


Orivaldo Fonseca
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Rio de Janeiro, agosto de 1971, praia de Ipanema. A atriz Leila Diniz choca a sociedade puritana e os milicos da ditadura ao expor sua barriga de grávida, trajando um inadmissível biquíni para uma mulher em um estado tão imaculado.
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Ela, que era formada em Magistério e que conhecia muito bem o ambiente escolar – professora que era – e que não tinha papas na língua quando o assunto era sexo (“eu trepo de manhã, de tarde e de noite e tem homem paca por aí”); ela que, segundo Carlos Drummond, era a “professorinha ensinando a crianças, a adultos, ao povo toda a arte de ser sem esconder o ser”; ela, que fez estremecer todas as bases, vem-me servir de luz para estes tempos em que sexo, escola e caretice se mesclam perigosamente.
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Belém, 24 de outubro de 2009, vestiário da Escola Estadual Ulysses Guimarães. Adolescentes da oitava série fazem sexo e se deixam filmar. Como peste, o vídeo se espalhou na internet e trouxe a reboque a discussão a respeito da velocidade com que as informações, boas ou ruins, são veiculadas, e da velocidade, maior ainda, com que as crianças deixam de ser crianças. E com a desenvoltura que me faz a mim sentir-me um infantil.
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Quando questionados a respeito do vídeo, que logicamente estava em todos os celulares dos pimpolhos, os alunos da escola alternaram-se entre a indiferença e o machismo precoce. Uns diziam que aquilo não era nada, porque havia vários outros vídeos como aquele sendo produzidos costumeiramente na escola. Outros mostravam-se indignados porque não admitiam que uma aluna tão aplicada fosse capaz de fazer "aquilo". Como se "aquilo" fosse prerrogativa só das burras. Sobre o pequeno garanhão; não, sobre o jovem garanhão, nada.
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São Bernardo do Campo, 22 de outubro de 2009, pátio da Universidade Bandeirantes de São Paulo (Uniban). Uma estudante de 20 anos do curso de Turismo é assediada em massa por colegas e funcionários da universidade por estar vestindo uma minissaia. O caso ganhou repercussão quatro dias depois, mais uma vez graças aos celulares e à internet, e trouxe a reboque a discussão a respeito da intolerância selvagem e demagoga que permeia a elite intelectualóide brasileira, e de como a massa tupiniquim se revolta pelos motivos mais cretinos e desimportantes.
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Quando questionados a respeito do fato, estudantes da universidade alternaram-se entre o machismo estuprador dos rapazes e o machismo invejoso das moças. Um deles dizia: "A maneira como ela estava vestida lembrava uma garota de programa". E uma delas completava: "Vestida daquele jeito, ela estava mesmo querendo aparecer. Recebeu o que merecia". Esses dois depoimentos traduzem de forma exemplar o preconceito e o despeito que gritam dentro dessas cabecinhas ocas. Quer dizer que uma garota de programa não pode frequentar uma universadade? Quer dizer que não há um eterno desfile de modas entre as patricinhas nas faculdades? É muita bobagem saída de bocas que deveriam dizer exatamente como combater tais mazelas.
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Viva Leila Diniz! Viva Leila Diniz! Ela responderia à altura aos linchadores da Uniban, depois mostraria como se faz um bom sexo no vestiário da escola.
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O autor é compositor, poeta e operador de tráfego aéreo. Nasceu em Belém (Pará), passou uma temporada no Amapá (onde não se deu) e hoje vive em João Pessoa (Paraíba). É articulista da revista Vanguarda e das páginas eletrônicas amapabusca.com.br e chicoterra.blogspot.com.