Aroldo Pedrosa
UMA SUSTENTÁVEL REVOLUÇÃO NA FLORESTA (Editora VIRAMUNDO), do escritor Domingos Leonelli - de camisa branca na mesa, ao lado dos senadores Capiberibe (PSB-AP) e Lídice da Mata (PSB-BA) -, é obra de pesquisa importantíssima sobre o pioneirismo do Programa de Desenvolvimento Sustentável do Amapá (PDSA), realizado no Brasil precisamente em nosso Estado pelo Governo João Capiberibe, no período de 1995 a 2002. E lembro muito bem do Domingos Leonelli fumando aqueles seus charutos de Havana, quando pesquisava os acontecimentos sobre o PDSA para escrever "Uma Sustentável Revolução na Floresta" - a capa desse livro, editado pela VIRAMUNDO, é espetacular! De alguma forma prestei também a minha contribuição ao Domingos Leonelli para a realização dessa importante obra, pois fazia parte da agência que servia o governo na época, e pelo fato de ele ser da Bahia, estado onde nasceram os líderes da Tropicália - a minha escola cultural, modéstia à parte! -, as nossas conversas fluíam sempre muito mais intensas e com mais sabor, ele intelectual baiano e eu caboclo amapaense-tropicalista-amazônico. Tanto que logo nas primeiras páginas do livro, Leonelli menciona o movimento antropofagista de Oswald de Andrade: “O tônico reconstituinte para a convalescença intelectual do país, vitamina ativadora do seu desenvolvimento futuro”. A Antropofagia de Oswald – pra quem não sabe e me lê aqui - inspirou Gil e Caetano para a criação do movimento tropicalista. E tem ainda o verso da emblemática “Luz do Sol”, de Caetano Veloso – “Luz do Sol / Que a folha traga e traduz / Em verde novo / Em folha, em graça, em vida, em força, em luz” – citado na página 28, abrindo o tópico "Revolução Solar", onde Domingos Leonelli mergulha fundo, escrevendo desse modo: “A letra de Caetano é anterior ao livro de Elmar Altvater, cuja conclusão é a ideia da revolução solar, proposta revolucionária radical que supõe a mudança da matriz energética do atual modelo produtivo baseado em recursos fósseis finitos para um outro modelo baseado na energia solar”. Esse livro está entre os meus livros de cabeceira, portanto releio sempre. Lembro ainda que aquele jornalista e assessor do desmantelado governo pedetista do Amapá passado, o Renivaldo Costa – figura que se acha o supra-sumo do jornalismo e das letras tucuju -, fez resenha escrevendo tanta bobagem sobre esta obra, que eu, sinceramente, fiquei com vergonha de ser “colega” de profissão do cínico cabotino. Mas, em contraponto, vendo o intelectual socialista Domingos Leonelli aí na foto... Nossa... quantas saudades daqueles altos papos-cabeças que travávamos lá na AR, estimulados sobretudo pela sua permanente inquietação curiosa e explosiva voz de trovão e sotaque de Dorival Caymmi. Ave!
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